sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Direitos Humanos ou Humanos Direitos ?



Direitos Humanos.
Estamos sempre ouvindo isso principalmente quando a questão envolve criminalidade.

As instituições ligadas à religião, normalmente usam tal álibi no intuito de absolver os infratores de suas misérias, dos crimes imperdoáveis.

Penso que direito humano vai muito além da defesa e o direito de segurança e inclusão social.

Normalmente vivemos presos a uma rotina esmagadora, com mais deveres do que direitos. Fomos perdendo nossa humanização pelo caminho. Tornamos-nos pessoas distantes, frias e frívolas muitas vezes. Perdemos nosso direito à sensibilidade e à fragilidade.

Estamos acorrentados em nós mesmos, feito prisioneiros de cadeias que ainda utilizam bolas de ferro aos pés dos condenados. Somos responsáveis pelo nosso tempo de prisão, só nos esquecemos de determinar o fim dele.

Não ouse ser sensível. A menos que você queira ser rotulado de fraco. As pessoas perderam o direito a serem simples e acordarem de bom humor só porque ainda respiram. Estar vivo não é o suficiente para sorrir. Parece que é imprescindível ter um motivo (e que seja convincente) para sorrir e ter bom humor.

Se por acaso quiser chorar em público, cuidado. É melhor não fazê-lo a menos que tenha uma boa razão para que os outros se compadeçam de você. Se não deseja ser ridicularizado sem ter de dar explicações pelo motivo das suas lágrimas, entre no primeiro velório que te aparecer ou procure um. Pelo menos lá, ninguém vai ficar te perguntando por que você está chorando.

Resolvi decretar o meu Direito Humano em caráter irrevogável:


TENHO PLENO DIREITO DE SER EU MESMA!!!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Um brinde ...



Os mistérios que envolvem a existência em sua plenitude são tão intensos quanto incompreensíveis.

Um pensamento a princípio infundado toma um rumo e vai de encontro a um outro que se encontra distante.

Sintonia, vibração, ondas magnéticas, sabe-se lá o que mais.

O que é certo é a existência de uma ligação intensa entre aqueles que desejam as mesmas coisas, seja para si ou para aqueles a quem queremos bem, família, amigos, amores...

Não importa o vínculo. Importa a atenção, a intenção e a energia aplicada e envolvida.

Acredito essencialmente na plenitude do pensamento como ferramenta realizadora de sonhos.

É necessário celebrar cada instante. Se o pensamento produziu é sinal de que a possibilidade é viva e mais real do que imaginamos.

Quando duas mentes diferentes produzem o mesmo pensamento, sem terem sequer mencionado tal fato um ao outro antes é um grande sinal.

Sinal de que o Universo está trabalhando arduamente para trazer para o palpável e real aquilo que talvez seja a grande oportunidade de vida e felicidade.

Só por isso, e por todas as outras coisas, hoje levanto um brinde. Primeiro porque gosto de brindar, por toda a simbologia que envolve esse ato. Segundo porque tenho motivos de sobra para isso.

Meu brinde hoje é para render homenagens à força dos sonhos que se tornam reais.

Brindemos com vinho, champagne ou água. Celebre... Sorria...

Seja bem vindo ao mundo da realização dos propósitos.

Não importa se seu copo é plástico, vidro, cristal ou o Santo Graal.




terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Conforme a música ou instrumento...



Amo a música. Talvez seja uma das coisas de maior valor da minha existência. Existe uma para cada evento, para cada acontecimento.

As músicas que mais gosto estão irremediavelmente ligadas também às pessoas que amo, igual ou mais intensamente.

Acabei por perceber que a vida da gente vai acontecendo como uma música que vai tocando. Em alguns momentos, parece um grande baile, com direito a coral e orquestra, algumas vezes, daqueles shows de rock and roll que tiram a gente de si. Porém, algumas vezes é tão comum quanto uma rádio FM e também temos dias daqueles radinhos a pilha, daquela marca bem “fuleira”, com direito a chiado até acabar a pilha no melhor da música, sem conseguir ajustar a sintonia.

Sempre quis aprender a tocar algum instrumento musical. Quando criança não dava. Depois de adulta, estudei violão quase dois anos, mas agora toco bem pouco. Aprendi alguns acordes de guitarra que é um instrumento fenomenal. Estudei canto e isso me deu segurança, cantar faz a gente estar nas nuvens com os pés no chão.

Mas devo confessar, minha grande paixão é o piano. E penso que a vida da gente é igual a um instrumento desses. O piano é belo por si, na forma, na estrutura, na imponência, na complexidade de suas teclas pretas e brancas se intercalando, na sonoridade hipnotizante. Tão completo que não precisa de outros instrumentos para ser apreciado.

Às vezes nos comportamos como pianos. Porém, não nos atentamos para a escolha dos pianistas que nos tocam. Embora um piano seja um instrumento que emana força e necessite de dedos fortes para tocá-lo, é necessário dedicação, conhecimento e delicadeza para a música fluir limpa, melodiosa e não desafinar. Quem quer tocar piano, deve fazê-lo com as mãos.

Nunca vi piano ser tocado com martelo.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Mala Pronta... Pé na Estrada



Resolvi fazer a mala. Até parecia grande, mas quando comecei a colocar nela o que achava necessário levar, começou a ficar apertada.

Ajeitei umas coisas, dobrei outras, umas menores coloquei num compartimento secreto. As mais frágeis coloquei por cima para não correr o risco de que se quebrassem, embora pudessem ora ou outra se perder.

Nossa! Faltou espaço e ainda tem tantas coisas pra colocar. Preciso rever a bagagem. Deixa ver o que eu tiro então, pra caber o necessário:

O passado eu vou deixar. É pesado demais, ocupa muito espaço e como não posso modificar melhor que fique onde está. Tudo o que adquiri com ele levo na caixinha da experiência, essa eu posso usar e cabe perfeitamente em qualquer espaço.

Por que é que eu estava levando as mágoas, as frustrações e opiniões alheias? Que descuido, coloquei na mala sem querer. Vou colocar no lixo assim quando eu voltar não haverá mais vestígio.

Deus, os meus velhos sonhos! Como poderia não levá-los? Ficaram guardados tanto tempo, tão escondidos, que uns já devem estar amarelados ou roídos pelas traças... Mas não faz mal, alguma restauração dará um jeito, e eles cabem em qualquer lugar. Vou junta-los aos mais novos, pode ser uma boa mistura, estão sempre na moda.

Vou levar o pensamento. Nele estão dobradas as lembranças das pessoas que amei e amo, e dos momentos mais felizes que vivi. Levo nele meu conhecimento acumulado, o maior bem que adquiri, de valor incalculável.

A lucidez eu vou levar até onde der, porque muitas vezes ela se confunde com minha loucura passageira. Também pesa bastante e ocupa um espaço considerável, pois não é possível não levar com ela a responsabilidade, onerosa e frágil.

Por fim, como ainda me sobra algum espaço na superfície, num lugar onde fica fácil alcançar, levo bastante amor. Ah, sim. Alguém pode precisar no caminho, pode ajudar a curar algum mal-estar. Tenho bastante. Posso distribuir a vontade e ainda que eu volte, terei o suficiente por muito tempo.

Já perdi a conta de quantas vezes fiz e desfiz essa mala. Viagem longa, cansativa às vezes. Mas estou aqui, pronta pra recomeçar. Estou pondo o pé na estrada outra vez.
A propósito, esqueci de colocar dentro da mala meu energético. Mas já que o cadeado está fechado, vai na bolsinha de fora, pra uma emergência : a ESPERANÇA.



domingo, 17 de fevereiro de 2008

Fé Atemporal - Futuro, Presente e Passado.



Escrever é uma experiência incrível. Por meio das palavras se forma um tipo de expressão particular, na qual a sua intenção de dizer algo nem sempre é interpretada da mesma forma por quem lê.

Exercitar essa linguagem para mim é fisiológico. Gosto de polêmicas. Gosto do exercício do raciocínio, da apuração de fatos, das descobertas pessoais, de tentar ver pelo prisma do escritor uma realidade parecida com a minha em uma experiência diferente.

Isso também se aplica às pessoas no cotidiano. Se somos todos iguais, “imagem e semelhança”, somos a mesma essência, apenas interpretando nossos papéis como nos convém por meio do livre arbítrio.

Hoje pela manhã estava meditando sobre a fé. Uma palavrinha monossilábica, aguda e curtinha, mas de uma proporção, força e grandeza descomunal.

Quando você questiona alguém a respeito da fé, é bem provável que a pessoa pense que você está questionando a fé religiosa, o que não é regra.


Leio incessantemente, leio tudo o que me cai nas mãos. Ultimamente, as pessoas em sua grande maioria pregam: “Viva hoje, o amanhã não existe”. Tenho lido isso em livros, jornais, revistas, blogs enfim, parece a ordem da vez.

Não discordo, mas prefiro ter uma concepção mais ampla e menos radical. E agora eu falo da fé de verdade.

É a fé que move a vida. Fé nada mais é que acreditar nas possibilidades. Como é que eu posso ter fé se eu não pensar no amanhã?

Devemos ter fé em Deus, na Força Maior, no Criador, Buda, Jeová, Jesus, Alá, Maomé, enfim não importa sua crença religiosa nem como você O conheça. A fé vai muito além. É o combustível do seu dia difícil, naqueles momentos em que você pensa em desistir, em "dar um pontapé" em tudo. É a possibilidade de concretização dos seus sonhos que tira você da cama todos os dias.

Tenha fé fervorosa em si mesmo. O EU de cada um de nós está presente na palavra
D EU S e acredito que não seja por acaso.


Viva seu hoje sim, intensamente. Mas adormeça na fé do amanhã ser cada vez melhor. E, se AMANHÃ você não mais acordar, suas atitudes falarão HOJE a todos, o quanto você foi feliz e realizador em todos os seus ONTEM. Deixe um legado e viva para sempre!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Não foi bem isso que eu quis dizer



O que eu queria te dizer e o que significa o que eu disse

Te amo.
Isso basta. Amo porque amo e não há outra razão para dizer senão o amor. O amor já é completo por si e não há necessidade de dizer que amo muito, amo pouco ou mais ou menos. Amor é amor, eu amo e pronto.
Sinto sua falta. Falta de você, mas não de você. Sinto falta daquilo que falta em mim e que em você encontro.
Sinto saudade. Porque ela me trás de volta os momentos em que vivi intensamente as emoções que me permiti. Saudade do que fiz ou poderia ter feito. Saudade do momento em que eu falei e que poderia ter calado ou do momento que calei e que poderia ter falado. Poderia é futuro do pretérito, muito longe , imutável.
Você me completa. Não que me falte pedaços, mas porque somos diferentes. Se eu quisesse alguém igual a mim, não sairia da frente do espelho. Que graça tem encontrar somente a si mesmo? A vida não é previsível e descobrir as diferenças é aprender com elas com o poder de celebrá-las.
Eu te odeio. Te odeio porque você não me entende e não me olha nos olhos. O ódio é tão intenso e completo como o amor . Não existe odiar pouco, muito ou mais ou menos. Odeio e pronto.
Eu minto. Minto tanto que acabo mentindo para mim mesma quando tento me enganar e minto mais. Mas agora decidi falar a verdade. Acabei de mentir no parágrafo acima quando disse que te odeio.
Apague os dois últimos parágrafos, e volte ao primeiro. Ele diz tudo o que eu enrolei pra dizer nesse texto inteiro.
Te amo e pronto.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Valentine's Day






No ano 496, o Papa Celasius decidiu adotar 14 de Fevereiro para honrar a memória de St. Valentine (não se sabe ao certo quem foi, mas sabe-se que antes de morrer decaptado, assinou uma carta com a inscrição : De Seu Valentine. Essa expressão é usada até os dias de hoje).



O feriado caiu no dia anterior ao festival romano de Lupercalia, em honra do deus Lupercus que protegia as colheitas e contra os lobos. Talvez de caso pensado para se ter uma festa cristã em contraponto ao festival pagão.



O festival de Lupercalia era comemorado em 15 de fevereiro. Com o passar dos anos, o "Valentine's Day" e o festival de "Lupercalia" foram unidos em um único feriado e transformaram-se em um momento mágico para se comemorar o amor e a afeição.
Portanto, as pessoas que habitam os países que comemoram o Valentine’s Day comemoram de uma forma muito mais ampla do que nós brasileiros aqui em nosso famoso e tumultuado 12 de Junho.



Valentine’s Day é dia de manifestar o amor em toda a sua dimensão, entre namorados, amigos, familiares e a quem mais possa interessar.
São Paulo por ser uma cidade que abriga o mundo, preparou em alguns pontos da cidade um clima especial para os estrangeiros que moram aqui. Coisas de mundo globalizado.



Globalização à parte, gosto do termo Universalização, uma vez que amar é uma virtude inata e universal. Até a mais rude das criaturas, ainda que negue até a morte, amou um dia, ainda que seja só a própria mãe.



No dia de São Valentino ( estou no Brasil ), ou Valentine’s Day ( se assim prefere ), é dia de exaltar ( mas todo dia é dia ) o bom e velho AMOR de sempre.


Quatro Estações



Só acredito naquilo que está escrito,documentado e abaixo assinado.
Palavras soltas,ditas a esmo, são como folhas que caem no chão de outono e o vento as varre para onde quer. A direção é sempre contrária, ou pelo menos parece ser.
A vida passa pelas quatro estações e é sempre difícil sorrir no inverno interno.
O frio fere. É momento de recolhimento e espera. Ao aproximar-se a primavera, o gelo derrete, o chão se tinge de verde, florescem os jardins.
Quem sabe é o momento de revirar a terra e jogar nova semente.
Paciência é a maior de todas as virtudes. Mas é necessário cultivá-la e cultuá-la.
Só tem condição de valorizar o Sol do verão, quem já dormiu nu em um chão de gelo.

Sede de mar...



De súbito ouviu um barulho. Estava sonolenta e não conseguiu identificar de onde vinha. Entreabriu os olhos e pode enxergar uma luz vinda em sua direção. Fazia calor, o dia estava ensolarado. Ouvia pessoas, pássaros, barulho de água e de repente deu-se conta de que havia dormido na areia. Havia poucos minutos, não sabia exatamente quantos.
Sentiu as ondas beijarem-lhe os pés. Correu os olhos entre as pessoas que ali estavam e avistou sua família reunida logo mais a frente. Que alívio.
Levantou-se, meio sem direção e foi até o encontro deles.
Pareciam mais distantes do que realmente estavam. Resolveu então caminhar na direção contrária, pois os encontraria quando voltasse.
Iniciou então, uma longa caminhada a beira mar, deixando que o vai-vem das ondas lhe aliviasse o calor dos pés que pisavam a areia quente.
Caminhou por cerca de meia hora em ritmo constante, nem lento nem rápido, mas distância suficiente para não mais ver onde sua família estava instalada. Não era motivo de preocupação, pois a casa não ficava longe dali.
Olhou a sua frente e viu um horizonte belo. Havia pedras e teve vontade de estar lá. Aquela paisagem esteve ali o tempo inteiro, mas só agora, anos mais tarde desde que freqüentava aquele lugar, havia lhe despertado a vontade de chegar mais perto. Quem sabe subir naquelas pedras. Parecia que elas tinham vozes, as ouvia chamar seu nome ao longe. Uma sensação de liberdade infinita tomava conta dela agora. Só desejava estar ali e em nenhum outro lugar.
Caminhou ainda um bom tempo até chegar às pedras. Eram torres altas. Ficou se perguntando como a natureza havia sido capaz de usar tanta sabedoria para colocá-las ali, em frente ao horizonte, como se tivessem sido estrategicamente posicionadas. Na verdade, quem poderia garantir que não foram realmente?
Lá de cima a vista era fenomenal. As pedras formavam um terreno amplo, plano e gramado.
Um grande sulco armazenava água das chuvas ou talvez do mar, e formava ali uma lagoazinha simpática que dava um ar especial e uma beleza sem igual à paisagem que só poderia ser vista por quem chegasse ao topo.
Caminhou um pouco mais adiante e entre uns pedregulhos amontoados viu algo que lhe remeteu ao passado. Naquele terreno inóspito, salgado, arenoso, observou que havia dentes-de-leão. Alguns ainda em formato de flor, num amarelo reluzente, contrastando com o limbo verde das pedras e, outros, já feitos bolinha de algodão, esperando um vento forte soprar ou alguma criança, ainda que crescida, espalhar suas penugens pelo ar. Resolveu sentar-se ali, e foi juntando as peças do seu grande quebra-cabeça.
O mar lhe intrigava, porque ele podia tudo. Tinha uma força insuperável e incansável.
Naquele momento desejou ser o mar, pois nada parecia abalá-lo. Olhava para sua grandeza fixamente. Só desejava trazê-lo para dentro de si.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Batom



Trinta dias exatos. Contava desde aquele dia perdido na história de sua vida e daquele amor infrutífero.

Ainda suspirava pelos cantos e se lembrava da chuva que lhe açoitara o corpo um dia antes daquele dia. Torrencialmente lavou-lhe a pele e a alma. Sim, nem esta permanecera seca.

Correu contra o tempo e contra as evidências. Aquele dia seria o primeiro dia, o mais importante, um marco. E deixaria marcas.

Estava polida, perfumada, quase irresistível... Ah se não fosse o quase...

Chegada a hora de ir. Chegaram ao destino. Conversas e sorrisos. Saciaram a fome e alimentaram sonhos. Ah, quantos sonhos...

Trinta dias exatos. Naquele dia esperado nada mudou. Ao voltar ao seu lugar, tudo permaneceu como estava antes de ir. Trinta dias arrastados, doloridos. O que fizera de errado?

Trinta dias exatos. E ficou uma lembrança, linda lembrança.
A marca?
Sim, essa também ficou. Era do seu batom impresso no guardanapo de tecido fino deixado sob a mesa após o jantar.

Não há como impedir



Viver é a arte do encontro ou desencontro.

Carlos Drummond de Andrade retratou muito bem isso em um de seus poemas mais famosos. Cantava o amor em todas as suas formas, com sua beleza e sua dor de uma maneira ímpar e tão atual que parece ter sido escrito ontem à noite:

“QUADRILHA
João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.”

Sinto como se a vida fosse uma estrada de ruas retas intercalada por curvas sinuosas que te mudam a direção sem aviso prévio, mudam e pronto. Você nunca consegue saber o que tem depois da curva sem que esteja passando por ela. Às vezes, a curva não é só curva. É também descida. Daquelas que causam frio na barriga, e que depois que toma embalo, não dá mais pra voltar. E quando a descida acaba e você olha debaixo para cima, a inclinação é tão íngreme que a tentativa de subir novamente seria uma escalada sem os equipamentos de proteção e sem o preparo necessário. Quase um suicídio.

Não resta então alternativa. O ideal é levantar, espanar o pó da roupa com as mãos e continuar na tal estrada. Se você não toma a iniciativa de seguir por vontade própria, logo ela coloca outra descida daquelas à sua frente e você não tem como escapar. O melhor a fazer é seguir. Um passo depois do outro, como criança que está aprendendo a andar. Depois do tombo existe a sensação de estar pisando em ovos, mesmo sendo devagar, o ideal é que seja constante. Nada de correr, nada de passos largos.

Hoje cheguei numa curva daquelas, e no fim da descida, recebi um presente. Agradeci verdadeiramente por poder ser capaz de despertar o mesmo amor que João dedica à Teresa no poema Quadrilha, escrito por Drummond, em alguém que o doa a mim gratuitamente, sem esperar que eu retribua. E pensei no mesmo instante em outra frase que um outro poeta escreveu, bem provavelmente no momento em que levantava do tombo:

“Saber amar é saber deixar alguém te amar”.

Compartilho a composição que foi escrita em minha homenagem, simplesmente porque ainda acredito no amor. Ele seria o homem perfeito, se eu o amasse. Porém para que o amor exista em mim para sempre, não o impeço, nem posso impedir que o faça. A única coisa que realmente possuímos de quem amamos é a lembrança imaterial no pensamento. E disso também sou refém.

"De vez em quando penso que sou
Refém da solidão, andando a esmo,
meu coração trilhou caminhos sinuosos
e foram tempos sem momentos luminosos,
durante os quais sei que não fui o mesmo.

Perguntas sem respostas, caminhos estranhos,
percorri infinitas vezes sem destino
dentro do silêncio, pensamentos insanos,
em murmúrios que provocam desatino

Até que a luz do amor brilhou no horizonte,
quando vieste a fazer parte da minha vida
e renasceu em mim a esperança já perdida,
de viver as maravilhas de que foste a fonte.

Mas trazendo a paz de um imenso amor
como mágica, chegaste à propicia hora.
e ao meu coração, trouxeste luz e calor
e caminhamos juntos, felizes, aqui, agora..."
Só me resta agradecer.
Obrigada.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Incondicionalmente...


O passar do tempo é algo que tem me intrigado ultimamente. Um dia, você acorda numa realidade diferente daquela à qual estava acostumado. Às vezes leva um susto, porque não se sentia preparado para viver numa nova condição. Eu prefiro não ter essa tal condição. Palavra pesada que me desperta medo. Ou estou envelhecendo e ficando rabugenta ou alguma coisa dentro de mim mudou realmente.

É melhor usar adaptação no lugar da condição.

As pessoas têm abandonado cada vez mais a liberdade para viver em condição de algo, de alguém, e isso me mata.

Não sei o que está acontecendo. Sinto-me meio fora de esquadro. Parece que só eu falo e tento entender isso tudo e vou contra a multidão.

Nunca fui de seguir o pensamento coletivo, detesto moda, detesto coisas sazonais. Vivo sob o prisma da minha própria consciência, daquilo que acredito e daquilo que aprendo, mesmo quando erro.

E a condição continua lá, me “cozinhando os miolos”. Vejo gente cada vez mais egoísta, fazendo coisas, ainda que em prol de boas causas, sempre “na condição de” receber algo em troca.

Elogio. Isso é algo que todo mundo ou pelo menos a maioria das pessoas adora receber, desde que seja sincero. É saudável elogiar e ainda mais recebê-lo verdadeiramente, incentiva a continuar, massageia o ego. Prefiro as atitudes incondicionais. Aquilo que existe verdadeiramente, despretensiosamente. Estou escrevendo sobre isso por causa de uma cena que vi hoje, que não vem ao caso, mas me fez refletir profundamente.

Por acaso, na semana passada uma pessoa que é das presenças mais graciosas e importantes da minha vida me perguntou num diálogo se eu torcia por ele. Acabou de conquistar um espaço que para ele é muito valioso.É uma pessoa talentosa e humilde antes de mais nada, mérito puro, além da capacidade indiscutível. Mais do que depressa, minha resposta foi: SEMPRE. E depois, na continuidade completei: torço incondicionalmente e você sabe disso.

Sim ele sabe. Não existe condição para que eu ame, para que eu torça, para que eu deseje que ele seja sempre feliz.

Quando alguém que você quer bem, que ama, conquista seja lá o que for e que o faça feliz, saboreie a vitória que também é um pouco sua.Porque você acredita na capacidade de realização, da energia empregada, do reconhecimento dos esforços. Isso não tem preço, não há como pagar. Até hoje não inventaram moeda de pagar sentimento, atitude, doação, seja o que for se é incondicional, não existe a “tal condição” (olha ela aí de novo).

Enquanto as pessoas estiverem mais preocupadas em receber que doar, as guerras e a fome não terão fim. Se você quer mudar o mundo, comece por você.

“Amar incondicionalmente é uma arte. Ser amado assim, um presente divino.”

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Matemática pura. Questão de probabilidade!!!!




Hoje um simples adesivo num carro me fez perder o rumo. Só de imaginar o que aquilo significava cheguei a ter calafrios. Lula no terceiro mandato.

Sempre que tenho um tema pra dissertar, normalmente ele está diretamente ligado a alguma outra coisa que a princípio não tenha qualquer chance de estar interligado. Mas aprendi que para melhor entendermos sobre determinadas coisas, primeiro é melhor saber que tudo, absolutamente tudo faz parte de tudo. Complexo? Explico meu ponto de vista.

Hoje foi o último de dez dias que fiquei em casa descansando, pelo menos mentalmente da rotina estressante que vinha levando nos últimos meses. Saí pra encontrar uma tia, que fazia aniversário e por quem tenho um amor filial. Tomamos um suco e cada uma foi fazer suas coisas, ela também tinha outros compromissos.

Tive duas passagens em locais totalmente diferentes, mas ambas me deixaram num estado de quase anestesia.

Primeiro como de costume fui à lotérica, lá com meu jogo semanal, uma fila gigante, e eu lá planejando como investir meus milhões. Logo a minha frente um casal “da melhor idade” com um volante da mega-sena na mão e dialogando entre eles :
Ela : - “Ave Maria nego! Com um dinheiro desse a gente não precisa mais ter nenhuma preocupação com nada. Termina de pagar a escola dos meninos, troca o carro, pode comer em restaurante todo dia...”

E a senhora continuou lá tecendo os sonhos dela, assim como eu estava a fazer o mesmo com os meus. Afinal, quem é que joga pra perder?

Então o “nego” responde:
Ele: - “É... sonhar é bom, mas nem adianta a gente não vai ganhar mesmo!”

Aí eu pensei comigo com uma vontade de falar: O que é que leva uma pessoa a arriscar se ela já “sabe” que não vai ganhar ? Tudo bem, a probabilidade é pequena, até concordo, mas a chance existe 1:50.063.860, mas posso ser eu esse 1.

Saí de lá com a minha aposta, mas confesso, fiquei com vontade de falar que compensava mais ele tomar um sorvete com o dinheiro da aposta, mas enfim, a esposa estava sonhando, pelo menos ela acreditava.

Fui até a livraria, como de costume. Afinal, nada melhor que gastar meu tempo neste último dia em companhia de uma das coisas que eu mais amo: livros. Às vezes eu tenho a impressão que certas situações me perseguem, deve ser até pelo fato de que eu escrevo sobre quase tudo o que vejo e/ou sinto.

Segunda-feira, a maioria das pessoas já volta às aulas, então esses dias o movimento nas papelarias e livrarias é intenso.

Peguei um livro que me interessava e sentei-me lá para tomar um café. A mesa tinha três lugares e como eu ocupava somente um, duas moças pediram licença para sentarem-se ali. Claro, que não fiz objeção. Elas conversavam e num instante que eu parei a leitura para tomar meu café, uma delas me perguntou se eu acompanhava política. Falei que não muito, mas que gostava de ler a respeito de algumas coisas.

E então veio a pergunta crucial: Você votou no Lula?

E, engolindo meu café, olhei para ela e respondi veementemente que não.

A outra moça, disse que havia votado, e ficou falando lá sobre as qualidades da referida pessoa.

Como estava na livraria, até pela liberdade de expressão, não pude deixar de colocar meu ponto de vista enfático a respeito do que penso sobre educação. Ainda que haja pessoas de sucesso que não concluíram os estudos, penso que ´´e o investimento mais acertado que existe, uma vez que conheciomento é o único bem que perpetua, inclusive depois da morte. Ainda tem o agravante de terem escolhido por mim uma pessoa para governar o país com uma formação minimalista.

Ficaram me olhando atravessado. Defenderam ferozmente o presidente, e chamaram-no inteligente, isso até não pude retrucar, afinal, ele atingiu seu objetivo.

Porém,minha resposta foi instantânea: Se você não acredita em educação, vá em frente. A probabilidade de você dar certo é 1:190.000.000. Fechei o livro, pedi licença e saí.

É bem mais provável ganhar na mega-sena.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Canção das Mulheres - Lya Luft


Escritora e poetisa maravilhosa, literatura sensível, natural e impecável. Traduziu nestas palavras tudo aquilo que nós somos, todas nós, sem excessão. Divinamente mulheres.

Fernanda.


"Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.


Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.


Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.


Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.


Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.


Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.


Que o outro sinta quanto me dói a idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.


Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''


Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.


Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.


Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.


Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher."