terça-feira, 24 de novembro de 2009

Quando o passado não passa

Enquanto a vida passa
Eu tento achar uma passagem
Para eu atravessar
Até o lado de lá
E redescobrir a paisagem

Onde eu possa escalar
O mais alto dos montes
Fechar os olhos um instante
E respirar profundamente
Para assim te ver melhor

No espelho o nosso passado
Revelado no sorriso dos lábios meus
Não há mágoa, rancor ou dor
Somente a profunda saudade
Adornada pela vontade de tê-lo, somente meu

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Meu impossível

Lágrima é tinta invisível
Que imprime sua marca indelével
Em folhas transparentes abstratas
Presentes no escuro do quarto
Onde escrevo nas linhas da imaginação
Os sonhos que tenho contigo
Esperando que minha carta imaginária
Possa chegar a suas mãos durante seu sono
Para tornar real o que hoje é impossível

Só o Amor é capaz


Quando eu era adolescente e me via interessada por alguém,não raramente ficava ensaiando frases perfeitas para serem ditas na primeira oportunidade para o eleito. Confesso publicamente que nunca consegui pronunciar nenhuma.

Bastava o “príncipe” – ou sapo? – chegar perto e o chão simplesmente virava gelatina. A voz tremia em função da inconstância das pernas ou as pernas tremiam em função da vibração da voz? Nunca soube responder essa questão. O coração pulsava freneticamente em qualquer outro lugar que não fosse o peito e o calor de mais de 40° em pleno inverno era inevitável. O rubor da face chegava a reluzir e seria capaz de iluminar qualquer noite de apagão.

Reações orgânicas provocadas pela intensidade de emoções inexplicáveis e inesquecíveis. O tempo passa e com ele aprendemos a compreender melhor determinadas coisas, a conhecermos melhor nosso corpo,mas nosso coração e o que move nossas vidas será um eterno mistério.

Partindo do princípio de que somos todos semelhantes, não dá para entender porque nos apaixonamos por umas pessoas e não por outras. E assim também, porque uns se interessam por nós e outros não.

Sentimentos são estradas de mão dupla e a sedução caminha nelas em via única e diria eu sem medo de errar, na contramão.

Temos uma preferência por determinados estereótipos, estilos , cultura, descendência, além de uma faixa etária específica para classificar alguém como um provável eleito.

Na prática levamos uma surra e espatifamos no ta tami com um belo ippon.

Um dia, depois de uma experiência não muito boa decidimos e chegamos a jurar nunca mais amar.

Não dá tempo dobrar a esquina. Um novo amor nos seqüestra e nos coloca num doce cativeiro.

Faz-nos esquecer a lista de preferências e depois de passado o susto você enxerga que o novo eleito não tem quase nenhum ou nenhum dos itens listados como principais.

Isso é o que verdadeiramente nos torna humanos e deliciosamente indecifráveis.

São as armadilhas que o amor nos monta que nos faz querer viver mais e melhor a cada dia.

Se o amor tivesse explicação e se fosse exato deixaria de ter a graça e o esplendor que tem.

Amar é ser completamente louco a ponto de doar-se por inteiro e ainda achar mais o que doar sem nada em troca querer.

Amar é desprender-se fisicamente daquele a quem amamos desejando acima de tudo que ele consiga ser feliz, ainda que com outro alguém que não seja a gente.

Amar é conservar as melhores lembranças do tempo que passou e aprender com aquilo que não foi tão bom para reconstruir a vida em um novo amor.

Amar é ter a capacidade de sofrer a demora da saudade sem amargura e sorrir ao fechar os olhos para lembrar do cheiro doce do perfume.

Amar é manter a intensidade das manifestações das emoções mesmo depois que você tiver vivido o dobro dos anos da sua adolescência.

Amar é desprender-se do tempo e esgotar os momentos que são todos únicos.

Não se pode dizer que se foi feliz nessa vida se não se experimentou o amor.

Não se pode dizer que se amou nessa vida se não experimentou a dor.

E mesmo doendo, na presença ou na ausência, só o amor é capaz de apontar caminhos que nos levarão à consciência de que sem ele nada vale a pena.

domingo, 1 de novembro de 2009

Razões para continuar escrevendo





Escrevo porque tenho medo da inércia, do silêncio e da omissão.

Escrevo porque prefiro o silêncio ao barulho e por meio de minhas palavras meus sentimentos gritam de forma audível às almas.

Escrevo porque tento explicar o inexplicável e entender o incompreensível, ao ensaiar organizar as idéias que brotam desordenadamente em meus pensamentos acelerados.

É sem a pretensão de reconhecimento, porém movida pelo desejo de partilha que minhas lembranças se transformam em rimas cheias de saudade.

São minhas palavras que materializam e eternizam os momentos vividos, os fatos corriqueiros, o conhecimento adquirido, o ensinamento propagado, o silêncio dolorido e indizível.

Algumas palavras gargalham, outras meditam, outras calam e choram.

Escrevo porque as palavras me ajudarão a permanecer viva dentro de algum coração ou pensamento que talvez jamais me encontre, mas continuará levando parte de mim em sua história mesmo depois que minha voz for somente uma memória empoeirada em alguma estante.