segunda-feira, 26 de abril de 2010

Renascimento



Hoje à noite
A minha vida é veloz
O vento penteia meus cabelos
Porque corro em direção contrária
O breu afaga minha pele
E meu perfume se espalha pelo ar

A luz tímida dos meus olhos
Ilumina um passo de cada vez
Enquanto seco o rosto banhado por lágrimas
Com o dorso das mãos
Acertar é tão humano quanto errar
E não é necessário sofrer para vencer

Então abro os braços para o infinito
Porque ele e eu somos um perante o universo
Deus nos criou com o mesmo amor
Respiro o ar que se banhou no sereno
E assim lavo a alma e o coração por dentro
A vida me gestou e num suspiro,renasci


domingo, 25 de abril de 2010

Curar a solidão é ser feliz


O homem é um ser social.


Não são poucas as vezes que durante a vida nos deparamos com essa afirmação.

Ser social significa diretamente não ser sozinho, porém hoje em dia tal afirmação está cada vez mais contraditória com o rumo que a vida moderna toma de forma acelerada.

Tanta tecnologia a favor do conforto, cultiva pessoas cada vez mais trancadas em si mesmas, seja pela rotina que escraviza, seja pela falta de segurança ou outros fatores diversos que desencadearam a instalação da maior doença do século: a solidão.

Sentir solidão não é privilégio apenas de quem está sozinho e isso me faz lembrar um verso da música do saudoso Cazuza: “... solidão a dois de dia...”.

Vemos inúmeras histórias de casais que se formam nas diversas redes de relacionamento, sem precisarem deixar o conforto de seus lares e nem sempre elas têm finais felizes.

Vemos amizades virtuais crescendo desenfreadamente também dessa mesma maneira e isso é preocupante, pois qualquer tipo de relacionamento humano implica ter responsabilidades. Como é possível chamar de amigo alguém que nunca abraçamos?

Desde que nascemos somos pessoas que necessitam de cuidados, de afagos, de sermos ouvidos e isso deve transitar em nossa vida bilateralmente, ou seja, precisamos dar e receber.

Precisamos resgatar valores perdidos ao longo do caminho.

O primeiro passo para deixarmos a solidão para fora de nós é estarmos expostos aos contatos.

Sermos amados não significa que a todo o momento receberemos apenas sorrisos e aprovações. O cuidado do amor que se instala nos relacionamentos verdadeiros também repreende quando é necessário.

Basta olharmos ao redor e percebermos como são as crianças em que os pais fazem todas as suas vontades. Tornam-se pessoas insaciáveis e quando se deparam com o “não” na vida, sentem um vazio tão insuportável a ponto de procurarem o preenchimento desse vazio por caminhos que sabemos bem onde levam: dependência química, distúrbios alimentares, depressão e afins.
Precisamos nos posicionar com firmeza e expor ao invés de impor nossos valores. Somos responsáveis por nós mesmos, mas também temos um papel relevante na vida daqueles que estão ao nosso redor.
Ter consciência e aceitar o presente é o primeiro passo para a mudança.

Nem sempre o caminho da mudança é suave, pois nos convida a rever pensamentos e atitudes. Abandonar hábitos enraizados não é tarefa fácil.

Porém, a vontade de se tornar melhor é o que nos move. E se você chegou até aqui é sinal que já está prestes a dar o primeiro passo.
O negócio mais urgente é ser feliz e isso só você pode decidir querer.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Assim sou Eu




Sou uma incógnita.
Ser imperfeito em construção permanente.
Repleta de paisagens e também de passagens escondidas, feito fotos mal tiradas dessas que a gente engaveta.
Sou poesia de Deus em forma de mulher.
Sou o que ainda não descobri ser e também o que um dia fui.
Uma mistura atemporal do que pode permanecer.
Sou eu e isso também pode pertencer um pouco a você.




Eu te Amo em uma Carta de Amor (atrasada)

Hoje eu quero lhe dizer...
Quando acordei tive uma saudade imensa dos momentos que passei junto de você...lembrei das brincadeiras , das risadas , de cada coisa séria decidida e até das que não falamos.

Você tem um lugar especial em mim que só pertence a você...e se isso for de algum valor te asseguro que ninguém te roubará.

Essa carta não tem nenhuma razão especial de ser, mas ao mesmo tempo tem todas.

Sou uma pessoa que prefere não demonstrar medo, mas também não tenho vergonha de confessar que hoje eu senti.

Tive medo de o tempo passar depressa , de nunca mais nos vermos e eu ter esquecido de dizer , embora pensasse , o quanto você é importante na minha vida. Se algum dia te disse uma palavra ruim, fiz algo ruim , ou que você precisou de mim e eu não pude estar perto, me desculpe.

Se houve algum mal entendido que te fez sentir raiva de mim , procure saber a verdade , antes que seja tarde, cuidado com as palavras que ouviu a meu respeito que não chegaram a você pelos meus lábios.

Desculpe pelo meu ciúme muitas vezes mal disfarçado de indiferença...mas eu só queria te poupar das coisas ou pessoas ruins, pelo menos ao meu ver , ou então chamar um pouquinho mais sua atenção,porque neste momento senti a ameaça de perder sua companhia.

Parece muito mais fácil dizer que não se gosta de alguém do que assumir que se ama , pois então , hoje eu estou assumindo novamente e ouça minha voz gritando:

EU TE AMOOOO!

Ainda que você só possa imaginar o som da minha voz... enquanto eu esqueço a coragem que não tive para olhar nos teus olhos e dizer um milhão de vezes que eu te amo.

As coisas que meus lábios não disseram, minhas frases escritas falaram e ainda falam porém,os meus olhos dizem muito mais...olhe pra eles de perto e veja que a única coisa que move este meu corpo e que me faz querer estar viva todos os dias é a certeza de te encontrar mais uma vez .

Talvez essa não seja a melhor declaração de amor que alguém já fez , mas é com o maior amor do mundo que eu a escrevi pra você.







domingo, 18 de abril de 2010

O poeta e a poesia

A poesia habita o corpo do poeta
E divide o mesmo espaço físico com a alma
A alma, aprisionada no corpo
Sussurra à poesia as palavras
Que juntas extravasam a barreira da pele
E ganham o mundo
Gritando aos ventos o que a alma dita

As mãos do poeta são instrumentos
Que reúnem em palavras
Tudo aquilo que se denomina sentimento
Existem poesias somadas às melodias
Que novamente usam-se do poeta
Para dizer em versos sonoros
O que muitas vezes é motivo de choro

A poesia nunca morre
Ainda que o corpo que habita pereça
A vida dos versos é quase própria
E tão logo precise deixar à noite
A antiga morada
Encontrará outro corpo, outras mãos
Que possam perpetuar sua vida
Antes que outro dia amanheça

A música que o vento canta

Enquanto o vento canta forte e alto lá fora,
Aqui dentro observo a dança das cortinas
Não sei o que o vento diz em sua canção
Só imagino que deve ser bonito e alegre
Senão, as cortinas ficariam inertes.

As voltas que a vida dá



Quando eu era bem jovem e tão logo havia descoberto o gosto pela escola, costumava comemorar os vários trabalhos solicitados pelos professores.

Naquele tempo, os trabalhos nada tinham do aparato tecnológico de hoje.

Custavam-nos horas e horas de biblioteca, horas e horas de cópias em rascunhos e depois horas e horas de capricho na caligrafia para passar o texto a limpo nas incontáveis folhas de papel almaço.

Acabávamos por aprender muitas coisas além da simples disciplina e do tema estudado.

Aprendíamos cidadania.

Aprendíamos que se respeitava o espaço do próximo, quando na biblioteca não podíamos conversar em voz alta, comer ou beber durante a pesquisa e sequer usar caneta esferográfica para copiar os textos. Isso prevenia o risco de causar danos aos livros que eram – e continuam – caríssimos.

Aprendíamos a dar crédito ao autor do texto, uma vez que a fonte bibliográfica deveria sempre ser citada.

Aprendíamos a trabalhar em equipe. Ainda que uma parte da turma pesquisasse e copiasse o texto, a outra passava a limpo e alguém fazia a capa do trabalho, no final, todo mundo, ou quase todo mundo se sentia satisfeito com o trabalho e, sinceramente, nunca me lembro de ter feito parte de um grupo que entregasse trabalhos que não gerassem notas que desabonassem nosso esforço.
Eu estudei em escola pública todo o período que hoje é chamado fundamental.

Havia respeito.

Lembro-me com saudade das sextas-feiras em que nos reuníamos para hastear as bandeiras: Municipal, Estadual e Nacional.

Cantávamos o Hino Nacional e nos enchíamos de orgulho antes de nos dirigirmos às salas de aula.

Essa semana reencontrei um professora querida daquela época, quando a silenciosa e implacável morte levou a mãe de uma amiga de escola e de infância – a única que sobrou desse período – e acabou por nos reaproximar nesse momento de consternação.

Em meio à tristeza, relembramos um período feliz que cruzou nossos caminhos: ela como educadora, eu como aluna/admiradora. E nesses minutos em que passamos conversando depois de tantos anos, aprendi que a dinâmica da vida fortalece quem tem o dom de ensinar.

Minha professora, hoje aposentada, continua ensinando pessoas a se tornarem melhores. Ela e seu esposo são voluntários em um grande hospital de nossa região e dedicam parte de seu tempo precioso amparando aqueles que não têm muito com o que contar, a não ser com o amor gratuito que ameniza dores insuportáveis: crianças portadoras de câncer.

Senti tanto orgulho naquele momento.

Aquela pessoa que tanto me despertava admiração pelo seu conhecimento acadêmico, hoje me faz continuar a querer ser alguém melhor e diferente.

Não importa quantos anos se tenha desde que a sua experiência seja útil na vida de alguém.

Tem gente que nasce com o dom de doar a si mesmo em benefício do próximo, ainda que o próximo esteja distante.

Foram minutos extremamente preciosos,

Por um instante me transportei para aquela sala de aula e diante de mim tinha aquela mulher sábia vestida com guarda-pó cor-de-rosa.

Tínhamos a mesma amiga em comum. Durante nossa convivência escolar isso nos fora oculto.

Fiquei diante dela, com as mãos sobre seu colo, olhando-a fixamente como se pudesse apagar as marcas do tempo em seu rosto.

De novo eu tinha onze anos.

Como eu estava em horário de trabalho, não pude esperar o sepultamento da nossa amiga.

Fui então despedir-me dessa pessoa querida que só habitava então minha memória.

Num abraço caloroso despedimo-nos e ela abriu então um largo sorriso quando a chamei de professora.

Fisicamente ela via à sua frente a mulher que vos narra essa história, mas em nossos corações e almas, tanto uma quanto a outra sabíamos que ela era aquela que eu gostaria de ter sido um dia.

Obrigada professora Ruth!




sábado, 17 de abril de 2010

SOLTEIRA.COM



“... Todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite...”.

Essa é a primeira frase de uma canção que tocou muito tempo no rádio e que detalha a espera do dia que marca o auge do fim de semana, o tão sonhado sábado.

O sábado é cronologicamente o dia de extravasar o acúmulo de responsabilidades e que desencadeia o estresse cotidiano.

A frase em questão, até é bem verdade se levarmos em conta de que esse “alguma coisa” pode ser, inclusive, chegar ao conforto do seu lar e não fazer nada!

Ontem estive em um restaurante japonês que pertence a uma amiga, bem próximo aqui de casa. Depois de um dia bastante cheio de trabalho, um banho rápido, uma roupinha básica e uma comida sensacional, no lugar que eu decidi e na hora que eu quis... Detalhe, sem hora para voltar.

De vez em quando, todo mundo também quer um colo e eu, não sou diferente. Mas cá pra nós: que delícia é a solteirisse!

É muito bom estar sozinho sem ser solitário. Muitas pessoas julgam esse comportamento egoísta, mas cada um tem o dever de ser feliz com aquilo que lhe faz bem.

Já há alguns dias venho refletindo a respeito de algumas escolhas e vejo um grande número de pessoas que escolheram a individualidade partilhada de vez em quando.

Ser solteiro não significa não ter relacionamentos afetivos saudáveis. Significa manter-se em condições de viver bem consigo mesmo apesar das adversidades.

Só consegue estar preparado para dividir a vida com alguém em algum momento aquele que tem uma relação profunda com sua própria existência.

É necessário estar sob alicerces integrais que vão além da situação financeira.

Há alguns dias conheci uma pessoa que se queixava do cansaço de todos os dias almoçar e jantar sozinho... É necessário analisar esse fato por outro prisma.

Esse é o “meu” sábado à noite: nesse momento eu assumo integralmente a minha solteirisse e brindo ao sabor incrível desse vinho uruguaio, depois de uma pizza de calabresa com muita cebola, sem a preocupação de purificar o hálito. Hoje não vou beijar ninguém!

Afinal, solteirisse é opção e às vezes - risos-, necessidade. Não? Quem não tem pecados, que atire a primeira pedra!!!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quando o amor germinar


Hoje eu me despeço dos meus antigos amores com a sensação de dever cumprido.

Fomos felizes á nossa maneira e diferentemente.

Fomos cúmplices desmedidamente e cada um há seu tempo.

Sorrisos e lágrimas somaram-se na química da liga que nos uniu através do tempo.

Hoje sepulto saudades, arquivo lembranças.

É tempo de semear, regar e ver florescer.

Os canteiros estão prontos e as covas já abertas.

As sementes são diversas e ávidas por germinar.

Logo o chão vai estar colorido e perfumado estará o ar.

Experiências são adubo para o solo do coração.

Determinação fertiliza e acelera o crescimento da árvore que necessita solo fértil para fixar suas raízes profundas.

E o amor novo, fruto recém gerado, adoçará os lábios que se descobrem, renascidos numa nova jornada : pretendida, imaginada e jamais experimentada.

Cárcere Privado


A vida é a experiência do abstrato. Nada temos e tudo queremos.

Desejamos o amanhã para nos redimirmos de ontem. Enquanto isso esquecemos do hoje que passa por nós.

Sonhos são como as cenouras lançadas à frente dos cavalos de corrida e chega primeiro quem corre mais.

Capitalismo selvagem!

Esquecemos do primordial em nome daquilo que chamamos principal.

Ahhh... Bendito dinheirinho!

Renunciamos a tantas coisas em nome dele.

A ação da gravidade marca os rostos e as bocas pesam tanto que já não sorriem, não sobra força.

Tenho medo.

Medo de sufocar meus dias num movimento mecânico de acordar-trabalhar-dormir e me perder nos sonhos dos outros figurados em telenovelas globais.

E a vida lá fora passando.

Acena pra mim lá na rua, livre, enquanto estou na janela cercada de grades.

Na minha prisão de portas abertas eu sou abstrata como a vida.

Tudo se esvai num tempo que não é passível de medidas.

Tenho medo.

Medo da velocidade com que se passam os dias onde me percebo estagnada como em um sono profundo, anestésico.

Medo de acordar daqui a cinqüenta anos e não ter mais tempo de escrever uma única linha gloriosa naquilo que será minha lápide.

Medo de sonhar ser tão diferente e terminar como todos os iguais.

terça-feira, 6 de abril de 2010

É uma idéia que não tem a obrigação de acontecer


Não são poucas as vezes que embarcamos cegamente em sonhos. Somos carentes, sem excessão. Criamos expectativas, muitas vezes incoerentes. Tudo é aprendizado e para se ter certeza do que se quer, é necessário saber primeiro o que não se quer!
É a canção abaixo que me levou à luz do que nesse instante eu vivo, luz essa que se acendeu há dois dias, numa descoberta deliciosa, do olhar de ônix que sempre esteve ao meu lado e só agora me fez enxergar o que eu nunca tinha visto!
ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE - LULU SANTOS

Ainda vai levar um tempo
Pra fechar
O que feriu por dentro
Natural que seja assim
Tanto pra você
Quanto pra mim...
Ainda leva uma cara
Pra gente poder dar risada
Assim caminha a humanidade
Com passos de formiga
E sem vontade...
Não vou dizer que foi ruim
Também não foi tão bom assim
Não imagine que te quero mal
Apenas não te quero mais...
Ainda vai levar um tempo
Pra fechar
O que feriu por dentro
Natural que seja assim
Tanto pra você
Quanto pra mim...
Ainda leva uma cara
Pra gente poder dar risada
Assim caminha a humanidade
Com passos de formiga
E sem vontade...
Não vou dizer que foi ruim
Também não foi tão bom assim
Não imagine que te quero mal
Apenas não te quero mais
Não te quero mais
Não mais!Êh! Êh!
Nunca mais!Êh! Êh!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Ônix - o olhar do eterno

O vigor da tua juventude me contagia a cada encontro.

Eis que deixamos para trás o tempo que passou e só o agora nos importa.

Cada abraço sinaliza a vontade de estarmos integrados, enlaçados, enfim, juntos.

Ah...Esse riso fácil... Expressão da alegria que torna ímpar cada minuto e eterniza o momento através do tempo.

O tempo não cabe mais em si, porque a ânsia de vida que jorra do seu ser faz parar os ponteiros do relógio.

As horas passam como segundos e ao percebermos a intensidade da entrega se torna difícil a separação.

Enfurecido pelo descaso, o relógio aponta a hora de ir e promete acelerar seu curso para que a distância temporal que nos afasta seja amenizada.

Num abraço prolongado, onde as palavras se fazem desnecessárias, confessamos a saudade que nos invade antes da despedida.

O brilho ônix desses olhos buscando os meus, juram em cumplicidade guardar o momento que só a noite viu e a chuva testemunhou.