sábado, 22 de novembro de 2008

Só o Passado é Seguro


Faltando um pouco mais de um mês para o final do ano, tudo o que vemos são anúncios relacionados ao futuro.

Compras de natal, a roupa branca do ano novo, universidades divulgando as datas das provas dos vestibulares que, por sua vez, também prometem um futuro em virtude da profissão escolhida.

Apesar de muitas dessas coisas serem concretas, vejo tudo num contexto etéreo e abstrato, meio inalcançável ou impalpável. Não, isso não é incredulidade, ao contrário.

Por causa dessa marca do tempo em nós, que cronometra tudo aquilo em dias e horas e minutos e segundos e centésimos e milésimos e assim sucessivamente, ficamos um tanto quanto presos às coisas menos importantes e esquecemos do nosso futuro. Nos dias de hoje e já há algum tempo, temos nos esforçado muito para cumprir metas que não são diretamente nossas.É só olhar os papéis sob sua mesa no escritório.

Claro que é hoje o dia que mais importa viver. E ultimamente temos ouvido essa frase milhares de vezes, incessantemente.

Todos devem abraçar carinhosamente seus projetos pessoais. Não importa se você tem 10 ou 80 anos de idade. É saudável e motivador imaginar que você pode criar algo em benefício de si mesmo e estender isso a outras pessoas.

Essa época festiva , não é lá muito graciosa para mim. Vejo que se tornou tudo muito comercial e algumas coisas perderam completamente a razão de ser, mas algumas acabei por conservar justamente para ter diretriz, planos e medir ao final de cada etapa a minha evolução pessoal nessa vida maluca e mutante.

Sei que muita gente tem o hábito de fazer promessas de final de ano e são amplamente variáveis. Essas promessas podem ser projetos pequenos ou grandiosos, mas é necessário ter um cuidado imenso com elas.

Quando prometemos algo a alguém e não cumprimos, certamente esse alguém fica decepcionado pela expectativa não correspondida, assim como também nos decepcionamos com os outros. Isso funciona proporcionalmente numa escala bem maior quando as promessas são de nós para nós mesmos. Quando nos prometemos coisas que serão impossíveis de cumprir por algum motivo inerente à nossa vontade, corremos o risco de cair em desânimo e cobrar de outras pessoas o que é responsabilidade só nossa.

Precisamos dar passos pequenos e firmes em direção aos objetivos. Se eu desejo comprar uma casa ou uma grande viagem, terei de planejar tudo primeiro e isso deve obedecer a um tempo razoável. Talvez poucos meses não seja tempo suficiente.

Tem gente que deseja comprar coisas menores, cuidar do corpo, ter um filho, um relacionamento, mas também não tem consciência dos investimentos necessários e do tempo que leva para amadurecer tudo isso, sobretudo internamente.

Estamos muito habituados a ter pressa de tudo ou então ficamos querendo coisas iguais às que já tivemos em alguma fase da vida.

Se desejarmos ser realmente bons em alguma coisa e com outras pessoas, precisamos aprender a nos ouvir mais e a ser generosos e pacientes conosco. Não somos limitados, mas temos limitações. Temos uma história e crenças que nem sempre são fáceis de serem mudadas porque estão lá em nosso íntimo há anos e anos.

Alguns muros só podem ser derrubados se soubermos tirar os tijolinhos um a um.

Dê maior atenção às suas intuições e siga os sinais que virão.

Só o passado é seguro por ser imutável. Mas o futuro apesar de incerto, é uma promessa deslumbrante.

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