segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Sobre nós dois e o resto do mundo



Há alguns anos comprei um álbum do meu queridíssimo Frejat cujo título é o mesmo do usado nesse texto.

Hoje, depois de tanto pensar e pensar a respeito das surpresas agradáveis da vida, algo me remeteu a essa temática, sem deixar que eu me esquecesse da música que me levou a adquirir a referida obra: Túnel do Tempo.

Fiquei pensando nas crises de “paixonite” que nos invadem ao longo da vida e por muitas vezes pude me perceber agindo como se o mundo realmente fosse o resto de tudo.

São furacões de emoção o que acontece entre nós dois. Um querer que não suporta um só segundo de distância e transforma o estar junto num acontecimento de dimensões transcendentais

O resto do mundo apenas observa e deseja às vezes com certa inveja aquilo que nós dois vivemos. E tudo de nós dois é perfeito e sincronizado.

Hoje eu vivo do lado do resto do mundo assistindo e invejando outros nós dois e tento encontrar a minha parte do nós dois, cansei de ser um até porque ser um não produz no resto do mundo o impacto do dois. Parece complicado mas é bem simples.

Fato é que a sinergia entre nós dois não combina com o resto do mundo. São cenas que se passam como um verbo conjugado em tempos completamente diferentes ou ainda como seres que se encontram porque caminham em direções opostas.

Também não há lugar no mundo para nós dois e todo o resto. Porque nossa soma se expande geometricamente em proporções infinitas.

Nada pode deter nós dois, embora o resto do mundo tente insistentemente.

Tudo na vida é cíclico e não tarda para que experimentemos o outro lado. Creio que minha fase de resto do mundo está no final, porque minha parte de nós dois anda me sorrindo.

O que acontecerá em breve ainda não está no script, só sei que prefiro o improviso à grandes produções cenográficas.

Enquanto isso, sigo cantando: “...eu sei que uma rede invisível irá me salvar, o impossível me espera do lado de lá...”



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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Sonhos são Sementes



Tudo o que se torna concreto, nasce primeiro dentro da gente. É como a terra sendo preparada para a semeadura. Arada e adubada recebe então as sementes.

A sabedoria da natureza se encarrega de fazer que tudo germine, mas a lei do mais forte prevalece e só os realmente bons são capazes de crescer.

No início, as folhas tímidas e frágeis despontam da terra, como para reconhecer o terreno, adaptar-se ao ar e procurar a direção da luz.

É preciso crescer nos dois sentidos, inferior para buscar a força e o alimento, superior para buscar a luz e a evidência.

Com perseverança não tarda a despontar e a exibir toda a beleza, bem como presentear aos olhos com flores e muitas vezes aos paladares com frutos.

Assim somos nós ao transformarmos nossos sonhos em metas. Somos terreno fértil carentes de cuidado. Precisamos dar atenção à terra e prepará-la para receber as sementes que deixarão de ser sonhos distantes para tornarem-se objetivos concretos e alcançáveis.

Adube sua terra com amor. Regue suas sementes com paciência. Espere as flores com perseverança. Jamais desista diante das tempestades que tentarão derrubar seus frutos, pois só quem resiste saberá o quão doces podem ser.



terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Sob os olhares do céu e do mar


A cada dia bem vivido descobrimos algumas das coisas que fazem a vida se tornar mais interessante.

Quando comecei a escrever, pensava em ter meus textos publicados nos grandes veículos de comunicação e ao mesmo tempo refletia sobre que tipo de pessoas se interessariam por aquilo que eu escrevia.

O tempo passou por vezes generosamente, outras nem tanto, mas nunca deixei de escrever para o meu público, que no fundo sou eu mesma.

Descubro-me por meio das palavras que fluem, porque são ditadas pela minha alma.

Escrevo para não deixar que minhas memórias se percam e para que minha história se alicerce em fatos concretos, experienciados, temperados às vezes amargamente em dores quase intermináveis e em sorrisos que eu sonhei durarem pela eternidade.

Há poucos dias experimentei a delícia de redescobrir um caminho. Até as cores ficaram mais vivas. Havia uma paisagem já tão familiar, mas cada momento se descortinava diante dos nossos dois pares de olhos. Ora nos acompanhavam palavras quase balbuciadas. Ora a trilha sonora escolhida quem sabe até pelo destino e o cheiro de queimado das lonas de freio dos caminhões misturados ao calor do sol,da estrada e o perfume exalado da mata que nos vigiava sorrindo silenciosamente.

Ao longe avistamos o mar que parecia igualmente nos sorrir. Caminhamos ao encontro das suas águas tépidas que não tardaram em beijar-nos os pés. Puro deleite.

Tantas foram as palavras ditas em momentos de profundo silêncio. Anônimos ao nosso redor não nos notaram nem foram notados e o tempo pareceu parar.

Desejamos tão intensamente que isso realmente pudesse acontecer, mas passados os instantes, a vida nos chamava de volta. Não nos restou alternativa senão atender à mestra.

O tempo, implacável correu como louco e nos alcançou pela estrada a fora. Sãos, salvos e felizes, entregues ao nosso destino, retornamos ao ponto de partida.

Saciados os desejos, guardamos a memória do tempo bom que passamos juntos. Naquele dia, dois transformaram-se em um. Só mesmo o céu pode ser testemunha do que se passou em nossas almas e só o céu sabe o significado do que não fora dito, mas sentido, nesse dia que agora só pertence ao passado e às memórias de nossa história.











terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Tsunami




Meio complicado entender os sentimentos que emergem da alma. As oscilações de humor que nos tomam sem motivo aparente são sinal de que um turbilhão de coisas estão se movimentando sem que tenhamos controle consciente do que acontece.


E nessa onda “tsunâmica” somos arrastados para as profundezas de nós mesmos e tudo parece água, lama e escombros. Falta o ar, falta luz, falta a paciência. Falta até mesmo a compaixão que deveríamos ter pelo nosso próprio ser. Existe então um momento de paralisia. Depois do desastre é necessário planejar por onde começar a limpeza, a organização e a reconstrução da obra que se perdeu.

É preciso coragem para sair da lama e dos escombros. É preciso lavar a sujeira com a água cristalina do amor próprio.

É necessário reformular seu lugar,seu espaço, suas idéias. Reciclar o que sobrou. Colorir o cinza que a tempestade deixou.

Certa vez há muitos anos ouvi uma frase da qual nunca mais esqueci:

“ Sentir a tristeza é tão importante quanto sentir a alegria. Pois, só tem condições de valorizar um dia de Sol quem já o desejou durante uma tempestade”.

Hoje me deito com a certeza de que o Sol brilhará magnificamente para mim ao amanhecer.