segunda-feira, 16 de junho de 2008

Doce Veneno


Doce Veneno

Sou tanto, sou tudo e sou sempre
Intensa, profunda e tênue
A dor, a esperança e a sombra
A verdade, a dúvida e o sonho

Sou nada, sou fraca e insana
Criança inocente, mulher profana
A soma de tudo o que vejo
Abrigo do infinito desejo

Uma parte, um corpo e o todo
Um abraço, um beijo e a sorte
Até que me encontre pela vida
Até que salva seja pela morte

Suspiro, engano e pudor
Saudade, lembrança e silêncio
Que no abraço eu feche os olhos
E neste instante eu morra de amor
Envenenada pelo teu beijo.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Só no Ano que Vem...

A semana passou tão depressa que acabei me desapegando da contagem do tempo. Coincidentemente hoje foi um dia que passou e eu não havia me atentado para uns detalhes até agora há pouco.

Estava trabalhando e ouvi um comentário, sem graça por sinal, dessas conversas de corredor: “Hoje é dia de Santo Antônio, você colocou o seu de cabeça pra baixo?” Ah, eu não podia perder a piada, porque as pessoas vivem me cobrando um marido, como se isso fosse obrigatório para ser feliz. Aí falei, num tom quase desolador: “Poxa, vou ter de esperar até o ano que vem,(suspiro) esqueci da simpatia...”.

Se casamento fosse sinônimo de felicidade eterna, não haveria tantos divórcios. Também não estou levantando a bandeira da solteirice eterna, mas as coisas acontecem para cada pessoa há seu tempo e conforme suas necessidades e aspirações emocionais. Por que será que a solteirice depois dos trinta incomoda tanto?

É possível morar consigo mesmo numa casa grande e ser feliz com relacionamentos leves, sem obrigatoriedade e sem cobranças. É possível ser feliz tendo sua carreira, tendo o direito de decidir ser mãe ou não, porque você é dono do seu corpo. É possível amar intensamente alguém que não é necessariamente seu marido ou namorado, mas com tal intensidade que nada te faça falta, porque a presença da pessoa é suficiente. Tudo depende da maneira como você se adapta às situações que vão surgindo. O que importa é fechar os ouvidos para o “achômetro” dos outros. Você comanda sua vida, afinal, ninguém paga suas contas.

No final do dia, depois de ter me irritado com a minha falta de atenção pro dia do Santo Antônio, recebo uma mensagem no celular que me lembrava que além de tudo hoje é SEXTA-FEIRA 13.

Não sou supersticiosa, ainda bem. Porque até poderia atribuir a alguns fatos um pouco de falta de sorte.

Só me falta agora quebrar um espelho e cruzar com um gato preto enquanto eu passo embaixo da escada.

Ah, e se você resolver falar mal de mim e minha orelha esquentar, mordo a gola da camisa pra você morder sua língua!



terça-feira, 10 de junho de 2008

Achados e Perdidos


Como explicar uma relação de amor e ódio? Amo e odeio Psicologia. Odeio o inconsciente. Odeio porque é burro. Odeio porque não separa o passado do presente. Por que não instalaram um programa com um comando para formatar o cérebro?

Já li muita coisa. Osho, Deepak Chopra, Dalai Lama, Ghandi, Louise Ray, Roberto Shinyashiki, Zibia e Luís Gasparetto, dentre incontáveis outras obras que nem lembro mais. Fiz uma descoberta que me deixou aborrecida.Quanto mais aprendo, menos sei. Parece chavão de filosofia popular e barata.

Acho que terapia deve fazer bem. Penso e logo desisto! Trocadilho idiota!

Fiquei pensando na porcaria do plural. E percebi que sou tantas pessoas que nem sei quantas. Sou esta que escreve o que pensa porque evita o choro. Sou aquela que trabalha feito louca pra fazer com que gente que eu nem conheço possa viver um pouco mais e melhor. Sou aquela que se preocupa com aquele que precisa de um denguinho no dia que não se sente muito bem. Sou aquela que enlouquece com a possibilidade de se ver longe daquele que ama. Sou a que deseja ter uma casa com 16 quartos, com uma escadaria gigante forrada por um tapete vermelho. Eu, Cinderela? Sou criança, adolescente e mulher. Também sou velha. Cuidadosa e lerda. Sou filha, irmã, amiga, cunhada, prima, vizinha, desconhecida.

Passo horas querendo o que não tenho, tendo o que não quero. Vida contraditória, estrada de mão dupla. Curvas sinuosas, perigosas. Sabe-se lá onde vai dar.

Aquele dia eu nunca mais esqueci. Ele ainda existe hoje, amanhã e depois do cerrar dos olhos. Será amanhã ou mais tarde? Era cinza ou azul? Não importa mais o que era, mas sim o que é.

Acordo e me tira logo um sorriso do rosto. Exala o perfume. O som da voz e da gargalhada. Lembrança. Saudade. Por um instante esqueço os afazeres, obrigações do meu ser plural. Espreguiço e sento na cama. E antes que o dia comece...

Por um instante... Sou... Eu... Ou você?

Amor.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

" GRAMATICAMANDO"


Criança em idade escolar acha tudo um saco. Mal sabemos que naqueles momentos que tudo parece uma chatice sem fim, estamos tomando contato com aquilo que vai dar direção às nossas vidas na idade adulta.

A princípio somos indivíduos, mas não somos apenas um como pensamos.

Quando era criança, ficava brincando com as palavras tentando assimilar o que era singular ou plural. Singular era tudo aquilo que se classificava como único e o plural o que significava mais de um.

Uma grande confusão, pois tem coisa que mesmo sendo um é plural (ortograficamente): ônibus, lápis, dentre outras coisas. Uma LISTA de regras mostrando que também têm exceções.

Com o passar dos anos, a compreensão se torna mais simplificada. Ao longo da vida, vamos-nos “pluralizando” nas pessoas e elas em nós.

Há momentos em que a singularidade se ausenta por completo e já não é possível saber onde acaba um e começa o outro, tamanha é a sintonia e afinidade.

Parece que o outro ouve seu pensamento ou você ao dele.

Para estas leis é melhor que não se apliquem as regras. A vida se encarrega de seguir seu fluxo infalível, indelével e inefável.

Enquanto isso permanece em mim a emoção singular desse sentimento plural. Experiência inexata que explica o que existe neste momento. Uma junção dos sinônimos que aprendi e dos verbos emocionais que conjugo nas atitudes cotidianas.

Amar é arte. Não tem tempo, espaço ou limite. Permite-se ser expresso em qualquer formato, e por isso tomo emprestada a composição que segue, justificando a razão de estarmos todos aqui, acertando e errando, entretanto, amando sempre.


Tudo Bem ( Lulu Santos )
Já não tenho dedos pra contar
De quantos barrancos despenquei
E quantas pedras me atiraram
Ou quantas atirei
Tanta farpa tanta mentira
Tanta falta do que dizer
Nem sempre é "so easy" se viver
Hoje eu não consigo mais lembrar
De quantas janelas me atirei
E quanto rastro de incompreensão
Eu já deixei
Tantos bons quanto maus motivos
Tantas vezes desilusão
Quase nunca a vida é um balão
Mas o teu amor me cura
De uma loucura qualquer
É encostar no seu peito
E se isso for algum defeito
Por mim tudo bem
Tudo bem, tudo bem.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Como aborrecer seu cliente pela última vez

Cliente nunca mais

As diversas religiões professam várias teorias a respeito da existência. Se a reencarnação fosse algo realmente palpável, eu daria qualquer coisa para reencarnar no tempo das cavernas. É bem provável que certas atitudes tenham se perpetuado através dos séculos desde aquele tempo.

Hoje quase se torna possível ler os pensamentos tamanho é o avanço tecnológico. Chips, computadores cada vez menores e melhores, imagens ultra definidas, e gestão de pessoas. Ah, se não fossem as pessoas. O que adianta tanta parafernália se o principal ser que põe tudo isso pra funcionar não evolui?

Pois bem. Lá vou eu de novo explicar. Tudo há de ser esmiuçado em cenas pequenas que ao final ilustrarão bem a proposta do texto.

I – Num domingo qualquer, final de tarde, depois de andarem pelo trânsito infernal (sim, domingo agora é dia de trânsito infernal), tudo o que queriam era tomar um café. Depois de várias tentativas frustradas de pararem numa das lojas de uma famosa franquia de café, resolveram ir direto a uma padaria na cidade em que moram. Não diferente dos outros lugares, o estacionamento também estava lotado. Entraram e acomodaram-se. A espera pela atendente demorou cerca de quinze minutos, o lugar estava cheio, havia três atendentes apenas e todos com o rosto “totalmente satisfeito e feliz” por estarem trabalhando ali. Tiveram tempo de decorar os itens do cardápio até que a outra atendente veio perguntar se “já” tinham escolhido. Depois da escolha, mais uns “minutinhos” e eis que vieram os lanches. Uma das bebidas escolhidas estava indisponível e a atendente se encarregou de escolher sem perguntar. Claro que ela ficou ainda mais feliz de voltar com a bebida ao lugar e trazer outra, dessa vez escolhida por quem ia beber. Entre mortos e feridos, por duas vezes trouxeram “pacotinhos” para viagem que não os pertencia, sem contar que quase apanharam da mesma atendente quando pediram catchup e mostarda (que obviamente lhes foi arremessado). Mas como estavam ainda bem humorados, ficaram esperando a doce atendente voltar para lhe pedirem o “grand finale”(café e sobremesa). Milagres nem sempre acontecem, então a moça foi até o balcão pegar o que faltava do seu pedido. Terminaram de lanchar, pagaram a conta e foram embora.

II – Um estabelecimento comercial com as portas abertas deve ou pelo menos deveria estar preparado para todo e qualquer tipo de eventuais transtornos. Tem dias que é melhor não levantar da cama, mas já que isso nem sempre é possível, também estamos passíveis de enfrentar o mau humor alheio (mais uma vez). Um compromisso seu e de seus parceiros é cancelado sem prévio aviso por motivos inerentes à vontade de todos. Já que não era possível trabalharem no local combinado, que tal uma reunião rápida no restaurante ao lado para acertar detalhes, já que estavam todos ali? Ótima idéia. Ótima? Até que parte?
Ninguém estava com fome. Como a reunião era uma coisa rápida, pediram apenas bebidas e enquanto aguardaram quase um século,alguém precisou ir ao sanitário. Para surpresa de todos, o único sanitário do estabelecimento estava em reforma e sem placa de aviso. A atendente, que também deve ser a dona, estava com cara de pouquíssimos amigos e perguntou mais de duas vezes se iriam comer algo. Sem contar que ainda ficava andando para lá e para cá a toda hora, como se estivesse querendo que o “povo” fosse logo embora, uma vez que “só” estavam bebendo sem comer nada. Resolvidos os assuntos, pediram a conta e foram embora.

III – Consulta com hora marcada. O que deveria ser uma facilidade vira um verdadeiro caos. Se você ou alguém a quem você acompanha vai ao médico, especialista em algo, é porque está no mínimo querendo saber se está tudo em ordem ou investigar algum sintoma. Pois bem, após chegarem ao consultório com uma folga de mais de vinte minutos do horário marcado, a abertura da ficha nem demora tanto. A sala está cheia, afinal dois irmãos da mesma especialidade atendem em salas próximas. O paciente é chamado para fazer um exame de rotina antes de ser chamado para a consulta. O exame é rápido e continuam ele e a acompanhante aguardando a vez. Pacientes que chegaram bem depois deles já haviam sido atendidos, e eles continuavam lá.
Quando o penúltimo paciente entra na sala do doutor, as recepcionistas se olham e percebem que haviam esquecido de levar a ficha do moço para o médico. Disfarçadamente uma delas solta que a consulta estava marcada para as 18h40min o que era uma grande mentira. Primeiro porque a acompanhante havia marcado a consulta para as 18h00min e havia sido recomendado chegar ao consultório com 10 minutos de antecedência. Para terminar de estragar a imagem, enquanto o moço estava em consulta, tocou o telefone e a recepcionista, com voz sarcástica e satisfeita diz para a amiga: a secretária do doutor já foi embora, quer ver?
Atende e diz: “Consultório médico. Não senhora, a secretária do médico já foi embora e a senhora pode voltar a telefonar amanhã a partir das 08h30min para pedir as informações. Por nada, boa noite!”

Pequenas coisas que acontecem conosco todos os dias. Se eu não estiver enganada, ainda que os estabelecimentos tenham algo de bom, o atendimento promove pelo menos 70% da fidelização do cliente. Um atendimento ruim, põe a perder todo o restante do processo.

Se você deseja atrair a mim ou a outras pessoas como possíveis clientes do seu serviço, não precisa nos encher de mimos e falsos sorrisos. Por favor, jamais me chame de querida, de bem ou de linda se você realmente não acredita e enxerga essas coisas,ainda mais se não tiver nenhum tipo de vínculo comigo.

Apenas respeito é suficiente e um ingrediente fundamental para receitas de sucesso!