quinta-feira, 29 de maio de 2008

Nem Mesmo Freud...


Umas horas a mais de sono talvez resolvessem o problema. Dormia mal, em horários desregrados, não se alimentava direito. Ansiedade, stress talvez.

Os sintomas já vinham se mostrando freqüentes há uns dois ou três dias, e por mais que tentasse, não conseguia se desligar das “fisgadas” atrás da orelha e do “formigamento” no braço.

E como diz o ditado:” de médico e louco todo mundo tem um pouco”, lá foi ela ter uma conversa com sua amiga que é médica. Meio desconsertada, a amiga lhe disse que não havia de ser nada grave, mas que a avaliação de sintomas isolados que aparentemente não estavam interligados era difícil. Seria melhor observar mais.

No dia seguinte, os sintomas ainda perturbavam e foi então que procurou o outro amigo, Neurologista. Relatou o problema novamente e o amigo, além de solidário pela amizade, mas em plena responsabilidade do exercício de sua profissão, disse que era melhor que se encaminhassem ao consultório para que ele pudesse avaliar melhor. Mal sabia ele que o pior estava por vir.

Foi então que lhe foi revelado que ela não era a pessoa portadora dos sintomas. Ela apenas estava representando a mesma. O amigo, sem saber o que dizer, orientou o que deveria ser feito, mas ambos não se contiveram e caíram na risada.

Antes que ela agradecesse a atenção, o amigo disse que era a primeira vez que ele fazia uma consulta onde o corpo era um e o espírito era outro. E em meio a um sorriso sarcástico, sugeriu que ela também deveria procurar ajuda, de um psicanalista, psiquiatra. Gargalhou e despediram-se.

Ela por sua vez, antes mesmo de procurá-lo, imaginou-se sendo levada amarrada em uma camisa de força. Afinal, o problema existia. Porém, o que levava uma pessoa a solicitar que outra fosse se consultar no lugar dela e essa por sua vez atendesse?

Coisas da alma humana. Nem Freud ousaria explicar.


segunda-feira, 26 de maio de 2008

Lembrança

Dedico este post à minha amiga Martha Correa.
Inundadas de uma emoção maluca, nós mulheres mergulhamos nesse poço desconhecido, sem luz, sem chão, sem fim, o Amor.
Amiga querida, sei bem o que sentes. Este poema é para ti, para mim e para todas as mulheres que como nós fazem do amor a única razão da existência valer realmente a pena.


Lembrança

Não sei ser metade
Com vontade de ser inteira
Não sei falar mentira
Por medo de dizer a verdade
Se eu souber onde vou chegar
Talvez não queira sair do lugar
O novo me instiga
Me atrai, mas não distrai
Meu coração
Não afasta meu pensamento
De querer-te ainda mais

Ainda que eu morra
Sem saber o teu sabor
Ainda que eu viva só
Acompanhada só da esperança
Prefiro a verdade da lágrima
Do que a alegria fingida
Prefiro a pureza da criança
À ignorância da experiência
Prefiro a lembrança
Dos momentos de riso
Em todas as horas que junto de ti
Dediquei-lhe à minha maneira
Todo o meu amor.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Fazemos escolhas todo o tempo. Nem nos damos conta de quantas.
Escolhi dizer coisas, escolhi amar pessoas, escolhi ser quem sou. Hoje, por ter escolhido um pouco de silêncio, posto o poema que resume o sentido das escolhas que tenho feito.
Garanto, sem medo de errar. Escolheria tudo, tudo igual. Sou bem mais feliz por isso.
Escolha

Depois do anúncio do fim
É hora de recomeçar
A sede de viver
Precisa ser maior que a de morrer
Se a razão quer o dinheiro
O coração só quer amar
Se o presente é passageiro
O futuro será presente
E também passará
A vida não passa
Somos nós a passarmos por ela
Sem perceber que o mais importante
Não é mercadoria para vender ou comprar

É de graça e para qualquer um
Que escolha a felicidade no lugar da tristeza
O bem e o mal
O certo e o errado
A paz e a guerra
O sorriso ou a lágrima
São caminhos que se abrem
A escolha é particular
São necessidades da alma
Às quais os olhos não precisam enxergar
Dos meus precisei uma vez
E são coisas que preciso dizer
Digo do amor que tenho por ti
Tão grande, outro assim jamais vivi
Para te amar, bastou um olhar
Para te esquecer, só se eu morrer.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Apenas Fenômenos Naturais



A vida vai se tecendo nas histórias que se repetem em versões melhoradas, conforme as experiências vividas.

Amores não esperam o dia amanhecer, as dores também não. Nesse impasse, pensamentos claros e obscuros, certezas e dúvidas formam um emaranhado de laços ou pontes que se comunicam entre si, mas não sabemos ao certo o começo ou o fim.

De repente num caminho aparentemente reto, sem dúvida do destino, uma rota diferente, um imprevisto, um desvio. O caminho toma outro rumo e mesmo que tente retomar o antigo, o novo te empurra para frente, como se estivesse patinando em gelo, numa descida sem saber como frear.

Como caminhar no escuro e desconhecido com uma vela na mão que só ilumina os passos?

Descobri que isso é possível, com passos lentos e firmes, sempre em frente. Uma das mãos esticada tateando o arredor protegendo os olhos, na outra a vela que cumpre seu papel.

O inimigo talvez seja a chuva ou o vento, pois se a chama se apagar e você não tiver isqueiro ou fósforos para reascendê-la, pode ser um pouco mais difícil seguir em frente.

A verdade é que nossa vida é um beco escuro todo o tempo e cabe a nós mantermos a vela acesa, protegida dos ventos e chuvas a fim de que a chama não se apague para podermos continuar. O tempo é como o caminho que fica para trás. Depois de trilhado, não há mais luz, nem como voltar. Não é possível se enxergar as pegadas.

Penso que temos em nossas reações internas todos os fenômenos naturais. Chuvas, Sol, ventos, tempestades. Há certos conflitos que são como tornados ferozes que devastam tudo, como se nunca tivesse havido nada em pé ali. Tudo o que se vê ao redor é destruição e escombro. Há desertos. Há oásis. Há ilhas.

O melhor de ser gente é reconhecer a própria limitação e fragilidade. Só assim, depois da ruína é possível voltar ao Éden.

domingo, 11 de maio de 2008

Abraço Quente!


Um passo...outro...outro...outro... E o ponto de partida fica cada vez mais distante, voltar é mais longe que seguir em frente.

Dizem que conforme vamos caminhando, os obstáculos ficam maiores para testar nossa resistência, e vejo agora que é realidade pura.

Com o adiantado do caminho, outros vão surgindo, uns mais longos, uns apenas atalhos traiçoeiros e algumas rotatórias que te levam ao mesmo lugar.

Há momentos em que se precisa optar. Não há como voltar, embora a vontade seja de retroceder.

Nesse momento estou procurando abrigo. Não me importa o tipo de instalação, não é necessário que tenha luxo nem criados. Apenas aconchego. Um cobertor e um travesseiro macio. Preciso repousar o corpo, a alma, a mente. Preciso organizar as idéias e descansar os pés. Talvez uma noite dure mais tempo que o esperado.

A caminhada ainda é longa. E está fazendo frio.

No lugar de partida sobrou uma vaga. Difícil deixar tudo para trás, mas é hora e só pode ser agora.

Apesar do quase inverno, ainda há grama verde e algumas flores. Ainda há um Sol tímido derretendo o gelo. A primavera vai voltar, o verão chegará sorrindo.

E ao amanhecer e caminhar adiante, serei abraçada pelos raios do Astro Rei e poderei então doar meu casaco.


sexta-feira, 9 de maio de 2008

Pecado Capital de uma Simples Mortal!



Graças a Deus eu sou uma pessoa imperfeita em processo de aprendizagem. Eu não sei o que eu faria hoje se eu já tivesse atingido a plenitude de minha evolução espiritual.

Hoje eu estou me sentindo a pessoa mais humana desse mundo. Dei-me o direito de ficar com raiva e o que é pior, estou quase morrendo de tanta inveja.

O quêeeeeeeeeeeeee?????????? Você, Fernanda, com inveeeeeeeeejaaaaaaaa???

Sim, eu Fernanda, 34 anos, entorpecida, afogada em inveja. O pior, inveja de no mínimo 15.000 pessoas que estarão se extasiando com o que eu mais queria hoje.

Fico me imaginando lá, e não tenho vergonha ou pudor algum de dizer que já quase tive uma crise de nervos hoje. Me calei, sofri e amarguei as lágrimas entaladas. Procurei trabalhar e esquecer, mas não dá. Chorei mesmo!!!

Hoje eu pensei que tivesse 15 anos de idade. Que droga! Ao mesmo tempo em que tenho consciência dessa depressão infantil, quero que se dane a minha razão.

Ahhhhh, tudo poderia ser bem diferente agora. Só porque eu sou mulher? Talvez. Mas acho que mais porque sou fã. Tudo tem a ver com as melhores fases que vivi na dourada década de 80.

Sabe de uma coisa? Vou dormir. Vou fechar os olhos e imaginar que no meio daquela multidão só existimos nós, e o David Coverdale cantou Here I Go Again só pra mim, como em 2005... Ah que saudade!!!

Ainda bem que pelo menos na imaginação, a gente pode estar com quem, quando e onde quiser. E, pasmem, na minha imaginação eu vou fazer falta lá!!! Que ridículo!

Até um dia, em algum lugar do mundo!
Enquanto isso, na sala de justiça, fico eu aqui, ele e a multidão lá.

Ai que inveja!!!!