quinta-feira, 30 de abril de 2009

Cores de Outono


Azul-dourado. Era essa a melhor definição para o colorido daquele dia de outono.

O sol dourado e tímido sorria para o céu azulado que pareceu pintado à mão para combinar com a cor da camisa do protagonista.

Naquele dia que para ele nada tinha de especial – mesmo o sendo – resolvera mudar o percurso e o meio de chegar ao trabalho. Quis agradecer pela vida e deixar-se abraçar pelo céu e rumou ao seu local de trabalho caminhando.

Chegou sorridente, reluzente. Completava naquele dia quarenta anos e confirmava o velho dito popular que afirma que a vida lhe acabara de começar. Realmente sentia-se renascendo. Parecia reabsorver o frescor da juventude e o tempo comprovava-lhe sua generosidade.

O dia percorreu cheio de pequenas surpresas agradáveis promovidas por todos aqueles que o admiravam.

Sentia-se realizado e numa breve retrospectiva percebeu que o sucesso era tudo aquilo que estava vivendo.

O final do dia lhe reservara uma surpresa especial. Sabia-se admirado por muitos, mas saber-se-ia amado por aquela mulher com quem dividia a vida há anos, porém, sem que tivessem sequer se atentado para esse detalhe e ele, também descobriria o quanto a amava.


Ao voltar para casa, ele apenas pensava que aquele dia de aniversário seria como o de todos os outros anos: jantar em família, carinho dos filhos, um bolo como sobremesa e a continuidade do tempo com uma noite de sono restauradora.

Fora então surpreendido com uma carona inédita de volta para casa. Ouviu durante o caminho todas as palavras de admiração que desejara ter ouvido ao longo de sua vida toda e sentiu pela primeira vez a espinha gelar. Aquela que estava ao seu lado era uma conhecida estranha, com quem não conversava sobre suas emoções havia muito tempo.

Antes de adentrarem sua casa, ela o segurou pelas mãos firmemente e lhe disse que apesar de todos os anos de convivência, somente naquele dia ela sentira que a vida sem ele não teria o mesmo sentido.

Confessou-lhe todos os erros, todos os supostos acertos e o encorajou a fazer o mesmo, não porque lhe pedira, mas porque ele sentiu que era preciso.

Aquele dia ficou marcado para sempre, e no aniversário dele, ambos renasceram. Provaram que ainda havia apesar de tudo, amor suficiente para recomeçar.

Decidiram que o passado de ambos não exercia sobre eles nenhum poder, pois já não poderia ser modificado.

Aquele momento presente, de mútua compreensão foi um divisor de águas. A mudança de um é infalivelmente a mudança de dois.

No outono, as árvores perdem as folhas e parecem mortas com a chegada do inverno.

O verdadeiro amor é como uma árvore: se mantiver a raiz profundamente presa a terra de onde germinou a semente, não importa o tempo que dure o inverno e aos primeiros sinais de primavera, irá florescer ainda que contrarie todas as probabilidades.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Estrela Negra


Dos poetas todos que li, a grande maioria já descreveu o amor encerrado sob a luz das estrelas. Às vezes, o céu tomado pela beleza da Lua e pelas pequenas luzes que dançam ao seu redor.

Estrelas fascinam pela simbologia e pela ilustração que conferem à história de vida de todas as pessoas.

Lembro-me de ter visto ao lado de minha mãe quando ainda era bem pequena, uma estrela cadente e logo ela me disse: feche os olhos e faça um pedido e assim o fiz. Não me lembro do pedido, tampouco se ele se realizou, mas a magia daquele momento eu nunca mais esqueci.

Já escrevi muitos poemas que citam estrelas como luzes que acompanham sentimentos ou ainda, são esperança de resposta para perguntas que calam. Não são poucas as canções que têm a frase: pergunte às estrelas.

Por muitos anos estudei tarô e A ESTRELA é uma de suas melhores cartas, pois simboliza a realização dos propósitos.

E quando alguém obtém sucesso na vida, carreira, negócio de muita sorte, também não é raro ouvir: a estrela dele (a) brilhou.

Já vi muitas, já contei muitas. Cadentes, duas vezes, mas uma em especial marcou minha história de forma ímpar, me fez sucumbir diante do improvável e ainda que eu viva noventa anos, me lembrarei dela.

Um tipo incomum, que não figura no céu como as outras, não propaga luz , mas ilumina tanto quanto muitas juntas.

Escondido atrás dessa estrela há um rosto, uma história, uma alma, uma voz que durante duas horas presenciais aliadas à perpetuação de um dos dias mais felizes de minha vida, fazem meu estômago “borboletar”. Uma estrela negra a qual eu demorei a perceber e apreciar e não me importa que nunca venha, a saber, nada de mim.

Se eu pudesse voltar no tempo só um instante voltaria exatamente ali... À minha frente, a estrela negra e seu portador iluminando nossos olhos e almas com a performance incomparável e a energia extasiante. À minha esquerda outra estrela de olhos e sorriso incandescentes com quem eu compartilhei aqueles momentos e compartilho a alegria de termos vivido intensamente aquele dia, sorte em nossa existência poder estar ali...

Enquanto isso as estrelas do céu continuavam dançando, dessa vez ao som de
I Love it Loud cedendo sua majestade por uma noite a uma única estrela negra que resplandecerá para sempre em minha memória.