terça-feira, 30 de dezembro de 2008

A vida no banco dos réus


Sinceramente eu não sei que componentes químicos ficam agindo dentro da gente ininterruptamente para nos levar a refletir sobre coisas disparadas inocentemente.

Numa visita rotineira à loja de uma amiga, já estava despedindo-me dela, quando entrou um casal bem aparentado devendo ter por volta de sessenta e poucos anos e muito mais da metade desses anos, casados.

A senhora, distinta, elegante, sorridente. O homem igualmente, porém com uma dose extra de simpatia e bom humor.

Como se fosse ao acaso, a senhora pronuncia apreciar uma pessoa que ultimamente tem estado em evidência na mídia, um padre jovem, bonito, inteligente e extremamente sensível às coisas mais simples da vida e eu, prontamente – e coincidentemente (?) - disse a ela tê-lo conhecido de perto, pois além de todos os adjetivos físicos, esse ser humano incrível é filósofo, escritor, cantor e compositor.

A conversa sobre os atributos do padre tomou um rumo bem humorado e a senhora então comentou ter visto em um programa de TV apresentado por outro evangelizador – talvez um pouco enciumado – que todas as mulheres que admiravam o padre em questão estariam pecando, pois não estavam indo à igreja para buscar a Deus e sim para cortejar o padre.

Não é um fato que merece total isenção de seu por que, porém, claro que a fé também é um fator relevante, se não o fosse, as mulheres procurariam homens tão ou mais bonitos que o padre em quaisquer outros lugares que não fosse a igreja, principalmente porque fora da vida celibatária, supostamente os homens são livres . Antes de se retirar com o marido do estabelecimento, a senhora completa o pensamento dizendo:

- Olha para esse aqui! – apontando para o marido – Também já foi tão lindo que chegava a ser um pecado.

Fiquei observando o senhor enquanto meio de lado e já junto à porta, ela o olha novamente e diz suspirando e olhando o chão, como quem tenta encontrar um consolo:

- O que a vida não faz com as pessoas...

E sumiu na multidão, junto com o marido e, segundo sua ótica, agora feio ou menos bonito, não sei exatamente, mas essa frase soou um ar de decepção.

Terminei minha conversa com os meus amigos da loja e segui para casa. Essa frase que a senhora lançara como um pedido de socorro, culpando a vida por tornar seu marido menos do que era no passado, ficou me roendo por três dias.

Certamente ela também já não é mais aquela pessoa com quem ele se casou há anos atrás.

Todos nos transformamos, melhoramos em algumas coisas, pioramos em outras. É um eterno ciclo de acontecimentos bons e ruins e avança sem que possamos ter controle disso. É natural e igual para todos.

A vida que nos é dada com tanto entusiasmo por Deus, nada tem a ver com o que fazemos dela. Ela continua passando, devagar ou depressa não importa. O que é certo é que ela não nos faz nada, só nos leva a experimentar a realidade das escolhas que fazemos e fica lá, cumprindo seu papel, aceitando o que quer que seja de nós. Sob esse argumento a vida nada tem de injusta.

Somos livres para escolher as pessoas, os caminhos, as profissões, os lugares – bonitos ou feios – e tirar deles aquilo que nos for conveniente. As imagens e a vivência se tornam mais ou menos belas de acordo com a maneira que olharmos para elas. Vemos exatamente aquilo que queremos ver e a satisfação é diretamente proporcional. Os olhos são nossos, os pensamentos são nossos e as atitudes impulsionadas por eles são de responsabilidade única e exclusivamente nossa.

É inegável que existam processos inconscientes envolvidos em todas as nossas palavras, atitudes e expectativas. Somos seres insatisfeitos por natureza e passamos por essa experiência terrena certamente para evoluir em algum sentido. Um acúmulo de todos os sentimentos aliados a fatos desde antes de nascermos é o que dispara nosso jeito de enxergar e experimentar as coisas.
Antes de culpar a vida por ter feito isso ou aquilo com algo ou alguém, é melhor isentá-la temporariamente dessa carga e inverter a questão.

Não importa quantos anos você tenha, mas sempre é hora de mudar e tornar bonito aos seus olhos aquilo que até agora lhe foi feio.

Coloque-se no lugar da ré – a vida – e experimente não a acusação, mas a reflexão de tê-la a sua frente lhe dizendo não com a voz de quem julga, mas com a voz daquela grande mãe que quer de você o melhor:

- O que as pessoas não fazem comigo...
Certamente você vai encontrar motivos de sobra para absolvê-la.

domingo, 28 de dezembro de 2008

NÃO PISE NA GRAMA

Ainda acho engraçada a maneira como somos advertidos de coisas aparentemente óbvias. Um dia desses, descomprometida com horário e demais afazeres, estava caminhando para tentar achar uma sombra para descansar e ler. Isso tem ficado cada vez mais difícil nas cidades, exceto pela presença de um ou outro parque que ainda possa ser civilizadamente freqüentado.

Pois bem, encontrei na praça um banco que me convidava a ficar ali um tempo, sob a sombra de uma árvore já certamente centenária, pelo calibre do tronco, a profundeza das raízes que rasgavam o concreto do calçamento, pela copa frondosa e alta enfeitada com algumas poucas e miúdas flores amarelas.

Embora esteja localizada em um bairro até bem movimentado, aquela praça tem ar de cidade de interior. Grama bem cuidada, vegetação baixa e robusta bem aparada, com nuances de vários tons de verde, ora quebrado por uma ou outra flor colorida. Os canteiros delimitados por pedras pintadas a cal branco e como não poderia deixar de ser, um apelo óbvio grafado numa placa simpática, mas incisiva: “NÃO PISE NA GRAMA”.

Fiquei ali por um pouco mais de uma hora, e confesso, ou estou sensível demais ou o índice de analfabetismo ao contrário do que se anuncia, aumentou. O aviso parecia apenas um adereço junto ao jardim. Gente cruzando a praça de um lado a outro pela grama, pisando sem dó, tentando ganhar alguns segundos do seu tempo escasso “cortando caminho”.

Eu concordo que às vezes temos urgência em algumas coisas. Mas trinta segundos, não faz diferença nenhuma nesses casos. Ninguém leva em conta a preservação do jardim, a vida da grama e muito menos o trabalho de quem cuida daquilo tudo.

O problema é que gente que não dá atenção ao óbvio, acaba pisando não só na grama do jardim, mas na grama da vida de muita gente.

É gente que talvez não tenha o cuidado de saber que todos nós temos a fragilidade de uma grama viva e verdinha. Que se não for cuidada e limpa, regada com freqüência, vai sofrer a ação do tempo, secar e morrer.

O tempo vai passando e mais que analfabetos nos tornamos cegos. Há muitos avisos espalhados por aí, mas pensando somente em nós, fazemos de conta que não vemos.

É muito fácil perceber a grama de alguém pisada. O rosto denuncia na falta de sorriso, nos olhos sem brilho e nas atitudes muitas vezes egoístas e sórdidas.

Tem jardim que por falta de cuidado, a grama cresceu demais e está infestado de ervas daninhas. Há tempos não cresce nenhum galhinho de “maria-sem-vergonha”**

Esse tempo no jardim me fez refletir sobre como tudo nessa vida tem dois lados, principalmente nós. Somos soma de duas metades exatamente iguais de bem e mal. Temos a mesma quantidade de humildade e orgulho, de egoísmo e solidariedade, de vaidade e desleixo, de anjo e demônio.

Boa ou má conduta pode ser comparada aos dois cães que cada um de nós guarda dentro de si: o dócil e manso e o feroz aterrorizante. Será o mais forte aquele que você alimentar.***

É melhor começarmos a dar mais atenção aos avisos, estejam eles descritos em placas ou em atitudes.




** espécie de flor de fácil cultivo de nome científico Impatiens walleriana
***citação que li de autoria por mim não lembrada.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Desejo de Vida

** (essa árvore é muito parecida com a que descrevo no texto)


Não há uma pessoa sequer que tenha vivido sem ter desejado morrer, como também não houve sequer alguém que em seu leito de morte, não desejasse adiar o inevitável.

Eu poderia passar o resto dos meus dias pensando sobre esse tempo que nos devora e que nos cega. Nos consome e nos submete a um labirinto tortuoso e enigmático.

Outra vez chegou o Natal e ele nem de longe se parece com os Natais que tínhamos na infância. Essa era da informação também trouxe consigo a quebra da magia que existiu por séculos e séculos.

Quando éramos crianças, minha mãe fazia uma arrumação especial no Natal. Ela montava uma **árvore prateada, artificial e colocava lá aquelas bolas coloridas de vidro, de todas as cores, bem arranjada num canto da sala grande, em cima de uma caixa acústica da vitrola do meu pai. Uma das fotos mais bonitas dessa árvore tem como coadjuvante meu irmão, que na época tinha dez meses. Uma pena a foto ser branco e preto, mas isso não importa, porque lembro de todas as cores assim mesmo.

Tínhamos o hábito de escrever e enviar cartões de Natal. Embora alguns deles tivessem apenas frases simples de Boas Festas, completávamos os espaços em branco com palavras cheias de sentimento e amizade por nossos parentes e amigos que estiveram junto da gente o ano todo. E haja trabalho para os carteiros! Recebíamos muitos cartões. Formalidade ou não, era bom lembrar e ser lembrado, ainda que uma única vez no ano. Não tinha internet e telefone era artigo de luxo, e a gente vivia e sobrevivia sem essa parafernália.

Nas noites de Natal, depois de passarmos normalmente com a família, não raros eram os momentos de confraternização com os amigos e vizinhos. Na medida do possível, todos se visitavam, ainda que fosse “um oi rápido” só para marcar presença, e mesmo sem verbalizar, dizer ao outro: olha, você é importante pra mim e hoje eu só quero que você seja feliz, e era tudo muito sincero.

Claro que como muitas outras fases na vida, também não temos recordações tão boas. A noite de Natal sem alguém que a gente ama, seja separado pela vida ou pela morte também não é fácil. A gente às vezes passa bem o ano todo e quando chega nesse dia, ah que saudade que dá, que vontade de abraçar aquele alguém só um pouquinho. E mesmo com o passar dos anos, esse sentimento não muda, ao contrário, parece que intensifica. Já que não há remédio para a distância física, o que podemos fazer é imaginar, fechar os olhos um instante e abraçar bem forte, se é a intenção que conta, onde quer que aquele alguém esteja, vai receber seu amor.

O importante é não deixar que a falta daquela pessoa que já morreu, seja também um túmulo para a gente. Já que ela não está aqui, devemos viver por ela, sorrir por ela e dedicar esses momentos de felicidade a ela. Provavelmente essa pessoa faria o mesmo se fossemos nós a termos partido em seu lugar.

Certamente você, assim como eu, tem história de sobra para falar de Natal, de alegria, de tristeza, de saudade.

Que possamos nos lembrar acima de tudo que Jesus é vivo em nós e através de nós no amor infinito que Ele manifesta em nossos corações.
Ainda que a falta de tempo em nossa vida seja irremediável, que nos sobre um pouquinho dele para estarmos com aqueles a quem amamos, pois nunca sabemos até quando fisicamente isso será possível.

Que você consiga dizer verbalmente ou mentalmente todas as boas intenções a todas as pessoas que cruzarem seu caminho e que você descubra antes de tudo, um amor infinito por si mesmo, segredo para ser feliz que o próprio Cristo pregou.

Envie um cartão, escreva um e-mail, telefone, visite, abrace, imagine.
Os gestos mais simples são capazes de verdadeiros milagres, e a VIDA é o maior deles.

Seja VIDA na VIDA de alguém

Não desperdice o bem maior que lhe foi dado e compartilhe principalmente com aqueles que deixaram de acreditar nisso.

Confiar na capacidade de viver do outro é antes de tudo já ter reconhecido essa qualidade em si mesmo.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Ali JAZ o passado

Quando eu tinha treze ou quatorze anos, e depois até mais ou menos trinta, adquiri o hábito de escrever em agenda. Acho que muitas das jovens dessa época tinham sua agenda. Ela era nossa melhor amiga, daquelas confidentes à qual podíamos contar tudo, escrever em códigos, abreviar palavras e ela sempre entendia.

Na maior parte das vezes contávamos a essa grande amiga segredos tão particulares e os registrávamos com caneta colorida, perfumada, etiquetas de borboleta que embelezava ainda mais o que lá estava escrito. Incontáveis clipes coloridos, de todos os tamanhos, afixavam fotos de jornal, de revista, papel de bala, palito de sorvete e aquilo se tornava um tesouro de valor incalculável. Era como se toda a nossa vida estivesse configurada pela metáfora daquelas colagens e desenhos, misturadas às palavras que pareciam legendar o significado daquilo tudo, embora fosse meio inútil, pois havia coisas que nem todas as palavras do mundo poderiam explicar.

Estou jogando coisas fora. Esse processo teve início há uns dois meses e até que não me deparasse com a minha caixa cheia de agendas antigas, elas estavam lá perdidas e arquivadas em algum lugar da minha memória.

Algumas delas bem antigas contêm coisas que me trazem saudade imensurável: de 1989 a 1994, todas as minhas agendas são recheadas de reportagens e fotos do ídolo da época: Ayrton Senna. Depois do acidente trágico que o levou à morte, fórmula 1 perdeu o sentido para mim e nunca mais acompanhei nada.

As anteriores tinham coisinhas de adolescência pura, histórias das paixonites, das aulas cabuladas, das excursões da escola, do estágio, segredos das amigas seguidos de declarações de “jamais nos separaremos”, selados com as bocas de batom vermelho (valiam mais que assinatura) que usávamos escondido.

Abri um saco de lixo bem grande, e coloquei-as quase todas lá. Falta colocar a última.

Aqui tem uma rosa que um dia foi cor-de-rosa. Olhando para ela, assim seca, parece que ainda é viva e perfumada... Queria saber por que nos prendemos tanto ao passado.

Talvez seja a garantia de conservar quem somos e o que temos, uma espécie de identidade. Talvez seja para perpetuar momentos que desejaríamos reviver. Ou quem sabe ainda, para deixarmos o nosso lado masoquista sofrer um pouco mais.

Nesse clima de retrospectiva, o balanço geral foi:

- de todas as amigas que tive apenas uma delas cumpriu comigo a promessa de nunca nos separarmos;

- realizei alguns sonhos, outros se tornaram completamente obsoletos;

- nada mudou em minha vida quando fiz dezoito anos, exceto pelo acúmulo de responsabilidades, pelo aumento da carga horária de trabalho e de contas para pagar;

- continuo chorando por quase todas as mesmas coisas e por muitas outras que me contrariam ou me felicitam ao longo dos anos;

- sou mais feliz hoje do que aos vinte anos;
- nunca vi ninguém morrer de amor, nem mesmo eu;

- príncipe encantado não existe, mas o dono do coração da gente reina absoluto.

Hoje não escrevo mais em agendas e também não tenho hábito de usá-las para o fim a que se destinam.

Para o calendário que arrasta os dias impiedosamente, não dou importância. Não irei fazer promessas para o ano novo, porque todo dia é novo e os quero todos. Um após o outro. Se de janeiro a dezembro é um espaço estabelecido para cumprir obrigações sociais, civis e metas impostas por essa sociedade sedenta de progresso que ainda vai exterminar nossa raça, quero lançar mão de tudo o que é nocivo, medíocre e improdutivo.

Quero ser uma pessoa melhor, quero ser mais gentil e amável, quero ter dinheiro - e bastante- para me proporcionar momentos de maior prazer e aos que amo também.

Já que é inevitável, que venha 2009 e que mergulhemos todos nele desprovidos das correntes pesadas do passado.

Só quem é livre pode ser verdadeiramente feliz.

Lá vai a última agenda para o lixo!


domingo, 14 de dezembro de 2008

Sapos também têm olhos azuis...


Ele nada tinha de atraente além dos olhos azuis. Tinham um ar entristecido e contrastavam com os cabelos embaraçados e compridos cor de mel.

A barba sempre por fazer, as roupas sem coordenação de cores e nenhum tipo de alinhamento.

Usava calças largas, camiseta branca quase encoberta por uma camisa xadrez e o velho tênis preto.

Era 1993 quando ela o viu pela primeira vez. Paralisou-lhe o corpo, o tempo.

Estava acostumada com os moços certinhos e engomados. Não, aquilo não poderia ser. Gostava dos cabelos impecavelmente penteados, daquele tipo nenhum fio fora do lugar.

Gostava de camisas e blazers e gravatas e sapatos e todas as gentilezas protocolares e de sentir perfumes que muitas vezes disfarçavam o cheiro da masculinidade que naquele ser quase primitivo se excedia.

Ele tinha ferocidade no olhar. Não era cuidadoso ao falar e isso o tornava único e todos os seus enigmas a atraiam.

Num dia inesperado cruzaram-se os olhares e pela primeira vez sorriram-se. Para ela fora um delírio, o chão virou espuma. Para ele foi uma corrente elétrica percorrendo-lhe todo o corpo numa espécie de hipnose entorpecente.

Os dias foram passando e os encontros “casuais” mais freqüentes. Neles já se notavam mudanças.

Ele tentava disfarçar seu jeito desarrumado e ela tentava desarrumar o seu jeito alinhado. Era uma tentativa de misturarem suas identidades e ainda nem se sabiam os nomes.

Faltava-lhes a coragem de abordarem um ao outro com um medo, ainda que remoto, de rejeição.

Pareciam querer sustentar aquele platonismo até que alguém resolvesse se render.

Com a desculpa de precisar de uma caneta para anotar algo importante, num dos encontros casuais ele tomou a iniciativa de abordá-la e lhe pediu esse favor. A garota tremia tanto que mal conseguia abrir o zíper da bolsa. Ao devolver a caneta ele agradeceu e perguntou-lhe o nome e a conversa então se estendeu por um tempo na lanchonete em frente ao lugar que casualmente se encontravam todos os dias.

Conversaram cerca de três horas e ao decidirem ir embora, sem nada dizerem um ao outro, beijaram-se longamente como resposta ao clamor de suas vontades mais instintivas.

Descobriram em seus jeitos diferentes de ser, um amor que jamais experimentaram até então. Ele fazia músicas para ela em seu violão marrom com a caixa lascada e ela, fechava os olhos para viver seus sonhos embelezados pelas canções interpretadas na voz rouca que fazia brilhar ainda mais aqueles olhos azuis.

O amor trai as expectativas. Não existe nenhuma certeza até que o corpo estremeça diante do olhar que paralisa até o tempo.

Ela já nem ligava mais para os cabelos desgrenhados e as camisas xadrez.

Vivem esse amor através dos anos como se tivessem acabado de se apaixonar.

Há quem diga que esse sapo é o príncipe que ela sempre procurou nos moços engomados.

E como na história infantil, bastou o beijo para viverem todos os dias felizes para sempre.
No amor não prevalecem padrões, e que bom seria se todos eles fossem para o inferno!

sábado, 13 de dezembro de 2008

Desejo de Felicidade


Talvez eu não o conheça pessoalmente, não saiba de suas histórias de sucesso ou de seus fracassos ou talvez você já seja meu amigo de longa data, mas isso não importa.

O mundo tem passado por transformações velozes e muitas vezes não nos damos conta do quanto nos esquecemos de nós mesmos.

Para aqueles que têm filhos, é quase regra deixar os velhos sonhos para trás, para construir os sonhos daqueles que são a promessa do futuro.

Muitas vezes nos tornamos tristes e desmotivados em virtude dos acontecimentos ruins, das decepções, das traições e das dificuldades que vivemos.

Esquecemos de olhar a beleza do que é simples e de graça.

Quando Deus criou o mundo e nos criou, deu a nós todas as possibilidades para sermos e termos tudo o que é de melhor. Ele nos fez para a felicidade e determinou isso, nós é que não entendemos direito.

Não importa o quanto sua vida tem sido difícil, o quanto você já sofreu, as marcas que os acontecimentos deixaram.

Disse um filósofo há algum tempo: “aquele que renasce todos os dias, nunca morrerá porque sempre nasce novo!”

Renasça todos os dias. Recomece. Experimente fazer a experiência de ter todas as manhãs ao acordar, um dia em branco, feito uma página de um caderno novo.

Reescreva. Não apague o que está escrito na página velha, apenas comece uma página nova.

Os erros não precisam ser uma ferida aberta o tempo todo, mas podem ser apenas arrependimento. Quem se arrepende dos erros que cometeu, automaticamente aprende com eles.

Seja para o mundo tudo aquilo que você quer dele. Seja para as pessoas tudo aquilo que quer que sejam para você.

Espere do outro apenas aquilo que ele pode lhe dar. Somos diferentes, únicos.

Explore seus talentos, aprenda coisas novas, viaje, estude.

Não importa qual a religião que você professe. Deus não é uma marca, mas é uma experiência. Somos todos filhos e filhas perfeitas desse Pai misericordioso.

Não tenha medo do futuro porque seu passado possa ter sido ruim. Viva da melhor maneira que puder esse momento que é agora, assim, amanhã você poderá orgulhar-se do ontem.

Não deixe que o medo te paralise.

Quando entendemos que a felicidade está nas coisas mais simples, a vida toma outro sentido.

Algumas doenças só precisam de remédios que não podem ser comprados: um sorriso, um abraço.

Experimente fazer curativos com gentileza e paciência.

Mais que qualquer um, você é a pessoa mais importante de sua vida e se for feliz, fará feliz todas as pessoas que estiverem ao seu redor.

“Ame com gratuidade, transparência e alegria. Pronuncie seu amor ao mundo, sem medo. Pois quando verdadeiro, transforma lenta e definitivamente quem o recebe e principalmente quem o doa.
O maior dom de Deus em nossa vida é expresso pela infinita capacidade humana de amar, apesar das cicatrizes.”

Feliz Natal !

Se conselho fosse bom...


Às vezes acho que tenho tempo demais, outras vezes acho que ele me falta e me trai.

Quando me olho no espelho, vejo os olhos esbanjando vida como se os anos não tivessem passado. Ao passo que ao olhar no mesmo espelho, esses olhos vêem na pele a denúncia nas marcas que estão ficando cada vez mais visíveis, indicando que há uma história de alegria ou dor que corresponde a cada uma delas.

Bom seria se tivéssemos controle sobre ele e pudéssemos realizar todas as coisas que desejamos sem ter a preocupação de não estarmos mais aqui antes do tempo. O que não nos cabe no entendimento é que nunca deixamos essa vida antes do tempo, mas no tempo exato.

Também não sabemos quanto tempo seria suficiente para fazermos todas as coisas que achamos importantes.

Talvez se nos fossem dados duzentos anos, ainda achássemos pouco. Tem gente que vive trinta e julga ter vivido no mínimo o dobro, por não ter feito na vida aquilo que gostaria.

Tem vida que se esvai e se acaba como uma vela que queima rápido ou que o vento apaga o pavio.

A vida inteira é um termo vago. Não sabemos quanto dura uma vida inteira. A minha vida inteira até agora conta trinta e cinco anos e eu penso às vezes não ter feito nada.

Por um lado é bom ter a consciência de que não se fez nada e que ainda há tudo por fazer, mas quanto tempo será que ainda resta para esse tudo?

Existe uma frase com certo tom engraçado e ao mesmo tempo mórbido, circulando por aí que diz: “Viva todos os dias como se fosse o último, porque qualquer hora dessas você terá certeza”.

Muita gente pensa que o tempo é um inimigo, quando na verdade é completamente o contrário. É justamente a certeza da incerteza que nos move para frente, nos faz buscar sabedoria e entendimento sobre o que pode nos tornar melhores.

Ser melhor para ter uma vida melhor está subentendido em gestos simples que muitas vezes julgamos desnecessários.

Você se tornará melhor para o mundo quando for melhor para você mesmo. As maiores virtudes de todas são a paciência e a gentileza consigo.

Experimente sorrir para você no espelho pela manhã. Veja como seu dia se torna mais leve, seus problemas menores e seu corpo mais ágil.

Existem palavras que caíram em desuso, porém são mágicas: obrigado, por favor, com licença.

O dinheiro é necessário sim, e como é bom tê-lo. Mas ainda mais importante que isso é poder ter saúde para desfrutá-lo: cuide-se – do seu corpo, da sua alma e mente e também do seu ambiente.

Alguns gestos são curativos para quem doa e para quem recebe. Sorria sinceramente para as pessoas que você ama. Abrace-as efusivamente.

Há momentos em que as palavras são tão desnecessárias quanto o som para os surdos.