terça-feira, 18 de março de 2008

Sabedoria Subjetiva.




Quem de nós já não experimentou os extremos da emoção? Você já conseguiu viver uma tristeza profunda sozinho ou uma alegria tão grande que conseguisse guardar apenas pra si?

A vida é assim. Ciclos que se completam. Quando estudava gramática no ginásio, adorava as aulas sobre sinônimos e antônimos. Gosto de contrastes, de contrários.

Minha mente inquiridora não sossega. Fica procurando o direito do avesso. Unindo retalhos de fatos, de conversas, de alegrias ou tristezas como se tecesse uma grande colcha, daquelas que cobriam as camas nos tempos de nossas avós. Um pedacinho colorido, um pedacinho branco, um pedacinho preto. Um pedacinho redondo, um pedacinho quadrado, um pedacinho torto, outro nem tanto. E a vida segue. Um dia após o outro.

Somos animais diferenciados por possuirmos a capacidade de pensar, de raciocinar, embora muitas vezes utilizemos muito mal essa faculdade. Tenho aprendido alguma coisa muito mais profunda com as plantas, embora não se manifestem explicitamente.

Às vezes eu penso que o sentido da palavra animal (o que possui alma) perdeu o sentido. Parece redundante essa expressão, mas é exatamente isso. As pessoas estão vivendo uma fase de desânimo coletivo. Cada um pensando individualmente, olhando apenas para aquilo que é o seu centro, ou como se diz, para o próprio umbigo. Com isso, a tendência é ficar cada vez mais isolado, e condenar-se à solidão, a um tipo de cárcere interno, e às vezes se esquece do lugar que guardou a chave da cela.

O Homem pensa que é auto-suficiente. Que não precisa de ninguém. Ah, se resolvesse observar um pouco mais ao redor, detalhes que dão sentido (ainda que metafórico de certa forma) às coisas reais.

As árvores solitárias não resistem muito tempo à ação da natureza que as criou. Ventos fortes, chuvas intensas, sol. Uma hora, quando elas menos esperam, sucumbem, morrem sozinhas.

Pense agora numa plantação de bambus. Já viu algum plantado sozinho? Certamente não. Eles brotam juntos e formam grandes touceiras. As forças somadas dão resistência. Num vendaval, o que representa um momento muito difícil, quando um deles se enverga muito, os outros ao redor estão lá para amparar impedindo assim que ele se quebre e que morra. As raízes são profundas e dão segurança a todos os outros que estão plantados ao redor. A complacência é a mesma com todas as plantas dessa espécie, e seguem seu ciclo harmonicamente, amparando-se uns aos outros, sem competição. Os bambus mais altos protegendo os brotos do sol e da chuva forte e “a comunidade” toda se firmando para proteger-se integralmente, gratuitamente.

Isso é sabedoria. Bambus não têm cérebro, nem coração, nem amam ou odeiam. Estão lá, cumprindo a missão que lhes foi conferida da melhor maneira que podem e com a simplicidade particular daquele que se doa sem cobrar e sem esperar que o outro lhe faça o mesmo. Isso é amor no sentido real do ser, do sentir e principalmente do praticar.

Nenhum comentário: