quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Terceira Pessoa


O rústico não é sempre feio, assim como o polido não é sempre lindo. O fluxo do Tao é muito mais complexo do que se possa imaginar.

Aquilo que parece não é o que parece. Isso me lembra filosofia de silogismos. Coisas que aparentemente se contradizem, mas que no fundo se completam. O mesmo pode-se aplicar às pessoas e aos seus relacionamentos.

Para que tudo continue em harmonia é necessário equilíbrio. Isto não se dá apenas com partes exatamente iguais. É necessário compreender as diferenças e aprender com elas.

Se observar-mos a natureza em sua sabedoria, veremos que nem tudo é só terra ou água ou fogo ou ar. Cada um tem seu papel, sua obrigação, seu lugar, sua função, ou o que for. Em alguns momentos misturam-se dando origem a novas formas e consistências, mas é fácil saber quem fez o que ou quem é quem. Os elementos antes de serem somas são únicos.

Assim somos nós. Se tivéssemos a boa vontade de sermos menos egoístas, talvez fosse mais fácil conviver com as diferenças.

Nada é verdade absoluta. Nada é conhecimento pleno. Somos um tudo de “muitos nadas” que não temos capacidade para definir.

Antes de somarmos nossas forças e misturarmos nossos desejos e personalidades jamais podemos nos esquecer de que cada um de nós é um. Um pensamento, uma crença, uma filosofia de vida. E assim como o meu EU, o TU tem os mesmos valores correspondentes que necessariamente não precisam ser (e não serão) iguais, sequer semelhantes.

O que vem depois é a soma desse EU e desse TU que se transforma em NÓS. Essa terceira pessoa que se forma da conexão das outras duas é muito frágil e inspira cuidados. O NÓS possui as características daquilo que normalmente há de melhor no EU e no TU.

Quando deixamos de exercer o EU ou o TU para incorporar o NÓS, inevitavelmente absorvemos manias, vocabulário, modos, virtudes, preferências e por que não, defeitos. Isso nos torna pessoas mais complacentes, com uma capacidade incrível de transpor limites, transformando o que antes era limitação em ação pura e simplesmente.

Quando o NÓS está em comunhão, somos capazes de grandes feitos, de grandes realizações, de sonhar com o que antes parecia inatingível. O NÓS traz consigo uma energia extra, pois é capaz de potencializar o que antes estava inerte.

O que é mais incrível nessa soma, é que não existe lógica. A soma do EU e TU, um mais um não são dois, são três, trezentos, mil... É uma somatória sem fim onde muitos EUs e TUs se tornam um ou muitos NÓS.

É a intenção que conta. É a doação que move. É o AMOR que edifica.

"Não é o amor que sinto simplesmente que faz de mim ser quem sou. É o que me torno quando estou junto de ti que me faz amar-te ainda mais”.(Fernanda Vaitkevicius)

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