quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Só o Amor é capaz


Quando eu era adolescente e me via interessada por alguém,não raramente ficava ensaiando frases perfeitas para serem ditas na primeira oportunidade para o eleito. Confesso publicamente que nunca consegui pronunciar nenhuma.

Bastava o “príncipe” – ou sapo? – chegar perto e o chão simplesmente virava gelatina. A voz tremia em função da inconstância das pernas ou as pernas tremiam em função da vibração da voz? Nunca soube responder essa questão. O coração pulsava freneticamente em qualquer outro lugar que não fosse o peito e o calor de mais de 40° em pleno inverno era inevitável. O rubor da face chegava a reluzir e seria capaz de iluminar qualquer noite de apagão.

Reações orgânicas provocadas pela intensidade de emoções inexplicáveis e inesquecíveis. O tempo passa e com ele aprendemos a compreender melhor determinadas coisas, a conhecermos melhor nosso corpo,mas nosso coração e o que move nossas vidas será um eterno mistério.

Partindo do princípio de que somos todos semelhantes, não dá para entender porque nos apaixonamos por umas pessoas e não por outras. E assim também, porque uns se interessam por nós e outros não.

Sentimentos são estradas de mão dupla e a sedução caminha nelas em via única e diria eu sem medo de errar, na contramão.

Temos uma preferência por determinados estereótipos, estilos , cultura, descendência, além de uma faixa etária específica para classificar alguém como um provável eleito.

Na prática levamos uma surra e espatifamos no ta tami com um belo ippon.

Um dia, depois de uma experiência não muito boa decidimos e chegamos a jurar nunca mais amar.

Não dá tempo dobrar a esquina. Um novo amor nos seqüestra e nos coloca num doce cativeiro.

Faz-nos esquecer a lista de preferências e depois de passado o susto você enxerga que o novo eleito não tem quase nenhum ou nenhum dos itens listados como principais.

Isso é o que verdadeiramente nos torna humanos e deliciosamente indecifráveis.

São as armadilhas que o amor nos monta que nos faz querer viver mais e melhor a cada dia.

Se o amor tivesse explicação e se fosse exato deixaria de ter a graça e o esplendor que tem.

Amar é ser completamente louco a ponto de doar-se por inteiro e ainda achar mais o que doar sem nada em troca querer.

Amar é desprender-se fisicamente daquele a quem amamos desejando acima de tudo que ele consiga ser feliz, ainda que com outro alguém que não seja a gente.

Amar é conservar as melhores lembranças do tempo que passou e aprender com aquilo que não foi tão bom para reconstruir a vida em um novo amor.

Amar é ter a capacidade de sofrer a demora da saudade sem amargura e sorrir ao fechar os olhos para lembrar do cheiro doce do perfume.

Amar é manter a intensidade das manifestações das emoções mesmo depois que você tiver vivido o dobro dos anos da sua adolescência.

Amar é desprender-se do tempo e esgotar os momentos que são todos únicos.

Não se pode dizer que se foi feliz nessa vida se não se experimentou o amor.

Não se pode dizer que se amou nessa vida se não experimentou a dor.

E mesmo doendo, na presença ou na ausência, só o amor é capaz de apontar caminhos que nos levarão à consciência de que sem ele nada vale a pena.

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