sábado, 26 de dezembro de 2009

Nunca é Tarde


Não gosto da instantaneidade da paixão que se consome em si mesma, feito fogo em palha.

Paixão brilha tanto que ofusca a visão, é como faísca em pólvora, voraz e impiedosa queimando tudo rapidamente deixando cinzas como rastro.

Prefiro a morosidade do amor.

O amor é como galho verde que precisa desidratar lentamente ao Sol antes de se transformar em lenha boa.

É preciso disposição e cuidado para acender. E uma vez acesa, vai se consumir lentamente depois que a chama do início se transformar em brasa.

A brasa pode ser mantida forte por muito tempo desde que bem alimentada e será fonte de calor para quem dela quiser desfrutar. (...) “o amor é fogo que arde sem se ver”...

Lembro das histórias que ouvia minha avó contar a respeito da comida feita em um velho fogão a lenha que fez parte de muitos anos em sua vida antes de mudar-se para a cidade.

Os alimentos eram cozidos lentamente e por assim ser, conservavam todo o sabor e era necessária muita paciência até que ficassem prontos, mas o sabor, segundo ela, não se comparava com nada que conhecemos hoje.

E para mim, essa metáfora se encaixa perfeitamente no que diz respeito ao amor que se desaprendeu a querer em virtude de tanta modernidade.

O resultado da queima da palha é mais rápido, mas o resultado do calor da lenha é muito mais duradouro.

É certo que a lenha dá trabalho, exige tempo, perseverança e paciência.

A modernidade nos acostuma muito mal à pressa e por isso deixamos de enxergar a beleza da espera.

Os frutos mais doces dão em árvores que levam muitos anos para atingirem a maturidade até estarem prontos para colher e saborear. Assim são também os sabores e aromas mais apreciados em todo o mundo e por isso são tão caros.

Paciência é a virtude dos fortes.

A espera é um exercício da virtude, a menos que queiramos colher frutos verdes e desperdiçar todo o sabor que oferecem se colhidos no tempo certo.

Tarde é um tempo que não existe quando a alegria intensa de um instante faz valer uma vida inteira de espera.

“Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá” (I Coríntios 13, 10).

Um comentário:

Jesika Oliveira disse...

Como todos os outros textos, Lindoooooooo!!!!!
Parabéns!
Beijos,
Jesika Oliveira