terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Batom



Trinta dias exatos. Contava desde aquele dia perdido na história de sua vida e daquele amor infrutífero.

Ainda suspirava pelos cantos e se lembrava da chuva que lhe açoitara o corpo um dia antes daquele dia. Torrencialmente lavou-lhe a pele e a alma. Sim, nem esta permanecera seca.

Correu contra o tempo e contra as evidências. Aquele dia seria o primeiro dia, o mais importante, um marco. E deixaria marcas.

Estava polida, perfumada, quase irresistível... Ah se não fosse o quase...

Chegada a hora de ir. Chegaram ao destino. Conversas e sorrisos. Saciaram a fome e alimentaram sonhos. Ah, quantos sonhos...

Trinta dias exatos. Naquele dia esperado nada mudou. Ao voltar ao seu lugar, tudo permaneceu como estava antes de ir. Trinta dias arrastados, doloridos. O que fizera de errado?

Trinta dias exatos. E ficou uma lembrança, linda lembrança.
A marca?
Sim, essa também ficou. Era do seu batom impresso no guardanapo de tecido fino deixado sob a mesa após o jantar.

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