sexta-feira, 28 de março de 2008

Mãos à Obra !

Dificilmente alguém nunca tenha passado pela experiência de construir ou reformar sua casa. Alguns podem ter sido testemunhas dos dois feitos durante a vida, e não raro, mais de uma vez.

Construir leva um tempo maior. Primeiro é necessário ter um terreno e deixa-lo em condições para receber a construção. Dependendo do tamanho da obra, o planejamento exige muito esforço e dinheiro, além de bastante gente envolvida para o resultado final ter êxito: o arquiteto ou engenheiro, o projetista, o mestre de obras, pedreiros, serventes, pintores, decoradores, jardineiros, eletricistas, encanadores e tantos outros trabalhando em grandes movimentos ou pequenos detalhes para se chegar ao objeto de desejo: a casa pronta e arrumada.

Lembro-me com saudade de um tempo que fui testemunha da construção da casa onde morei com meus pais. Que delícia era pensar na casa nova.

Antes morávamos numa casa antiga. Fora do meu bisavô, depois dos meus avós e por fim, dos meus pais. Era grande, aconchegante embora não tivesse conforto. Quando chovia, era uma loucura. Chovia mais dentro que fora de casa.

Quando nos mudamos, compramos tudo novinho. Casa, móveis, um quarto para cada um. Cada detalhe pensado e colocado no seu devido lugar. Foi um momento lindo.

Com o passar do tempo, a pintura estragou, os móveis envelheceram, o carpete desgastou. E aí começou um processo tenebroso: A REFORMA.


Assim como nas estruturas de concreto, as pessoas também passam pelos dois momentos distintos: a construção e as reformas ao longo da vida.

Passamos nove meses dentro do ventre de nossas mães que é nossa primeira casa. Durante o processo de formação, somos construídos dia-a-dia, todas as nossas células, como tijolinhos acentados um a um, formando o todo. Depois do nascimento, a construção continua, com a formação da personalidade, do caráter, dos valores pessoais e de tudo aquilo que compõe essa obra que é cada um de nós.

Ao longo dos anos, também nos desgastamos e estraga uma coisinha aqui, outra ali. È hora de lixar paredes internas, de colar isto ou aquilo, de jogar lixo fora, de varrer o chão. Num processo de reforma, as pessoas ao redor sempre acabam sofrendo algum tipo de incômodo: a poeira, a tinta que respinga, a janela sem cortina, uma vidraça quebrada. Nem sempre aqueles à nossa volta estão preparados para enfrentar esses adventos.

Normalmente quando estamos nesse momento de reestruturação, acabamos machucando alguém próximo, algumas vezes até por descuido, como quem sem querer esquece no chão um pedaço de madeira com prego enferrujado virado para cima. O mais desavisado vai lá e pisa, bem em cima. E aí, já viu, nem preciso continuar dizendo o que acontece depois.

O território em reforma é frágil. Cheio de avisos: não toque aqui ou ali, não pise, não entre, use equipamentos de proteção, saída de emergência.

Para evitar quaisquer mal entendidos, vou criar e usar a partir de amanhã uma camiseta que talvez ajude a mim e a muitas outras pessoas que nesse momento passam pelo mesmo processo. Nela vai constar a seguinte inscrição:

“DESCULPE O TRANSTORNO, ESTOU EM OBRAS PARA MELHOR ENTENDERMO-NOS”.

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