sábado, 26 de abril de 2008

Avestruz ou Beija-Flor?



Quando alguém confia a você uma determinada situação de aflição, ainda que num desabafo é como se fosse um grito de socorro.

Deve ser porque a imparcialidade na situação talvez mostre um lado que aquele que a está vivendo não consiga enxergar, ou ainda, talvez não queira.

As pessoas são complexas. É necessária uma dose generosa de “simancol” (está em falta nas prateleiras das farmácias) para compreender e/ou respeitar as decisões, ainda que nos seja claríssimo o indício de sofrimento a vista.

Penso que tudo na vida e principalmente as emoções devam seguir um fluxo contínuo, fluirem mesmo. Na Psicologia, Psicanálise e tantas outras “Psi’s” e “logias” e terapias das mais diversas por aí, as emoções são associadas ao elemento água, fluido, aquele que preenche os espaços vazios sem se importar com barreiras. Mas isso nem sempre é positivo.

A palavra mágoa, por exemplo, deriva de “má água”, o que não é bom. Mágoas, ressentimentos (ressentir = sentir, viver outra vez), geram outras emoções associadas a atitudes que às vezes se tornam tão nocivas ao equilíbrio chegando ao ponto do descontrole.

No século XXI vivemos a onda do que é Fast (rápido): Fast Food, Fast Shop, Fast Emotion, Fast Way, Fast, Fast, Fast. Parece bom, mas como tudo, em excesso é péssimo.

Na busca por resolver coisas e problemas rapidamente, acabamos criando situações piores. A modernidade nos trouxe doenças silenciosas, nem sempre atreladas ao sofrimento físico. Tornamos-nos individualistas e solícitos demais ao mesmo tempo. Não toleramos nada que dê muito trabalho, afinal, já passamos mais de um terço do nosso tempo trabalhando nas empresas,pregados em nossas cadeiras, ouvindo chefe chato e fazendo o que muitas vezes não nos dá mais prazer.

Fast Shop. Tão mais rápido comprar assim. Poupo meu trabalho de ir a um lugar, poupo minha paciência de procurar vaga no estacionamento, de entrar numa loja e escolher um produto. Poupo meu prazer de admirar de perto, de tocar com as mãos e de verificar se aquilo vai ter mesmo a serventia que eu penso ter. Tudo ao meu alcance num click e pronto!

Lá vem o Fast de novo. Fast Food porque ninguém quer chegar cansado em casa e ainda ter de cozinhar. Dá muito trabalho, suja louça, demora. Então, para resolver o problema passo ou telefono para o delivery da lojinha dos arcos amarelos, da comida chinesa de caixinha, comida árabe ou ainda aquele pacotinho de macarrão instantâneo no armário irão salvar a minha vida. Tudo rápido, refinado, nem dá trabalho para fazer digestão, tanto que depois de duas ou três horas, lá vem a fome de novo. Tudo refinado, fácil.

A concepção de modernidade tornou as pessoas uma espécie de produto. Gente usável, gastável e descartável. Só te quero enquanto me servir, depois... lixo!

Com isso, encontramos cada vez mais gente preocupada com a embalagem e o que tem dentro, está mofado, contaminado ou o extremo e pior, vazio.
Melhor dar preferência ao que é integral. Nada de coisas refinadas. Os processos de integralidade são lentos, mas são duradouros. Dão trabalho, mas o resultado é sempre positivo e de bem-estar.

Compare um avestruz e um beija-flor. O avestruz se alimenta de qualquer coisa e rápido, até pedras pra ajudar na digestão dos lixos que come. Já o beija-flor, se alimenta pacientemente somente daquilo que lhe é benéfico, embora tenha muito trabalho em se manter parado no ar sugando o néctar das flores.

Prefira ser um beija-flor a um avestruz. Cuidado com o que é maior, mais rápido, mais vistoso e mais fácil.

Comodismo condena ao sofrimento, ainda que se tenha a sensação de alívio momentâneo.

Ouse ter coragem de mudar e vá se encontrar com aquilo que é a única coisa concreta que você tem e terá até seu último instante: VIDA!

Um comentário:

MARTHA THORMAN VON MADERS disse...

Amada amiga, estou de volta, e aqui sempre encontro um botão de rosa. Fiz postagem nova se tiveres tempo vai lá. Acho que desta vez tua amiga precisa de um comentário com um pouquinho de crítica ,e juro vou amar. Beijos