domingo, 2 de novembro de 2008

Eu Disse Sim



Eu tinha lápis e cadernos. Ainda os tenho. Uso esporadicamente quando ao acordar no meio da noite ou estando longe de casa, fico possuída pelas palavras e impossibilitada de estar diante do computador.

Há pessoas que fazem tudo por qualquer coisa. Não chego a extremos, mas faço na medida do possível o suficiente para tornar o que penso palpável e passível de atingir o alvo certeiro em meu interior.

Porque escrever me traz alivio imediato para as inquietações. Como naqueles dias de muito calor que são abraçados por uma chuva torrencial ao entardecer.

O vapor do chão quente se espalha e leva para todos os lugares aquele chamado “cheiro de chuva”, e a sensação permanece até que fique tudo sequinho novamente.

Os escritores que costumo ler, normalmente relatam suas experiências literárias às suas vivências particulares. Por isso amo os contistas, cronistas e poetas. Não há isenção de realidade nesses textos.

E por tanta admiração - por que não dom - tenha escolhido enveredar-me por esse caminho.

Coisa de criança que diz:

- Quando eu crescer quero ser igual!

Já desejei ser e fiz tantas outras coisas na vida.

A decisão pela literatura veio há pouco tempo, embora já escreva há muito.

Notei que meus textos, ainda que antigos, provocavam-me ainda indagações permanentes a respeito da vida, principalmente da minha.

Não seria justo aprisionar minhas idéias - ainda que não revolucionárias ou anarquistas – somente para mim, uma vez que despertar outros pontos de vista seja saudável e uma escada invisível e ascendente rumo a um jeito de viver melhor.

Embora muitas vezes precisemos fazer escolhas sem pestanejar, sem ter a plena consciência de suas conseqüências, quando dizemos “sim” ou “não” para alguma questão que nos é importante, nossa escolha a princípio assertiva é envolta em vários “talvez”.

O talvez nos desperta a sensação confortável de permissão para pensar mais um pouco a respeito. Porém, a linha entre permissão e comodismo é muito tênue.

Nem as figuras mais geniais da humanidade tiveram certeza de suas decisões todo o tempo e digo sem medo de errar, seus dias não foram todos gloriosos.

Somos humanos felizmente e sempre vai haver aquele dia que você deseja ficar em casa de pijama. Aproveite então para contemplar suas limitações, para ter paciência consigo. Só consegue ser compreensivo com os outros quando existe compaixão com você mesmo.

Tudo na vida é tentativa. Às vezes promove sucesso, outras o indigesto fracasso.

Mal sabia eu que os anos me fariam saber (e adorar) lidar com essa coisa (computador) que mostra automaticamente o que eu penso numa tela com janela para o mundo.

Mal sabia eu que meus lápis e meus cadernos com antigos manuscritos, hoje podem ser a possibilidade de no futuro quem sabe, saírem das gavetas para os museus.

Anunciando ao mesmo mundo que me lê em telas de computador, que essa mulher que agora conta sua história, um dia escolheu apenas dizer SIM a si mesma.









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