segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Seqüestro de Estimação


Há essa hora muita gente está em cativeiros, submetida à vigia constante de olhos que nem sequer piscam para não correr o risco de perderem a vítima.

Talvez estejamos todos condenados à prisão.

Somos vítimas muitas vezes, mas também seqüestramos.

É claro que eu jamais vou assumir a hipótese de me igualar a um criminoso daqueles que comentem crimes hediondos, mas determinados tipos de cárcere são piores que a privação da liberdade de ir e vir.

Tem gente que aprisiona com armas invisíveis e a vítima fica tão submetida à ausência da liberdade, como aquelas presas em cativeiros cheios de umidade, ratos e comida escassa.

O pior tipo de seqüestro é aquele que acomete a alma, a vontade e a necessidade de ser indivíduo.

Alguns relacionamentos são alicerçados em contratos legais e invisíveis ao mesmo tempo. O contrato legal deixa explícitos seus deveres e direitos civís perante a outra parte, mas aquilo que não está escrito no papel e se fundamenta em atitudes e palavra é bem pior, porque muitas vezes o prisioneiro não enxerga os cadeados ou mesmo que possa vê-los, sequer imagina onde estejam as chaves.

As formas de tortura variam e nem sempre fazem parte delas as agressões puramente físicas: invasão de privacidade, isolamento, ciúme, posse, competição, inveja, omissão, mentira, desprezo, traição, dentre outras atrocidades morais.

Tem gente que acredita que possa tratar outra pessoa como bicho de estimação. É capaz de dar um tratamento diferenciado: casa, boa comida, boa cama, algum presentinho e um afago na cabeça aprovando o bom comportamento.

O olhar expressa: obedeça-me para ser respeitado, ou melhor, poupado.

Não ouse olhar o seu “dono” com olhos pidões. Ele vai te bater o pé e não vai te deixar dar uma voltinha sozinha (o) na rua. Nem adianta ronronar, abanar o rabo e rolar no chão.

Eu tolero seus “pitís”, mas não vou com você ao shopping.

Eu posso beber com meus amigos porque eles são legais, mas na casa dos seus não vou.

Vou passar uns dias na casa da mamãe, mas espero que a sua demore uns seis meses para voltar aqui.


E se você se comportar como tem feito, prometo que no Natal te darei de presente uma coleira nova, de alguns quilates, porque embora você não perceba,faço TUDO (?) pra você ser feliz e saber que me pertence.


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